Tema #5 Fátima Cordeiro
Intervenção da narradora-autora: Passou-se mais uma hora. A esta altura da história Guilherme já tinha bebido as dez cervejas que tanto desejava quando convidou Guillaume para beber uma cerveja. Já Guillaume ia na sexta.
Ouvir falar de homossexualidade assustado Guilherme, mas não queria ir embora para lado nenhum. Não queria pensar na forma como lidava com a homossexualidade. Nem nos problemas com a esposa. Por isso pôs-se a falar banalidades. Falou sobre as pessoas que via na rua quando encontrou Guillaume. Dos anúncios que via na televisão e o irritavam. E depois começou a falar dos sonhos que tinha tido nessa semana.
Guilherme: Noutro dia tive um sonho muito estranho. Sonhei que estava na fila para o purgatório e que Hitler estava à minha frente. Ninguém o queria aceitar e a fila não andava. Então virei-me para eles e disse-lhes: “Este homem tem de ir convosco. Matou aqueles judeus todos mas não matou sozinho… E ele nunca traiu a esposa… Só se casou no dia da sua morte… Eu, pelo contrário… Tenho falta da minha amante. Ele é racista e não gosta de homossexuais… Mas nenhum alemão gostava…. E ele invadiu muitos países: mas isso foi porque os países deixaram… Por isso tem mesmo que ir com vocês!”. E a fila começou a andar. Fomos todos para o Purgatório. Até o Hitler!
Intervenção da narradora-autora: Agora foi a vez de Guillaume ficar em silêncio depois do outro se calar. Dois minutos que pareceram duas horas. Há muito tinha percebido o desconforto do outro perante a sua confissão. E por momentos teve medo que Guilherme propusesse a algum polícia invisível a sua prisão. Também se lembrou dos avós: dos avós maternos, apoiantes de Philippe Pétain; e dos avós paternos, que fizeram parte da resistência e foram apoiantes de Charles de Gaulle.
Tema da semana: Estás na fila para o purgatório e Hitler está à tua frente. Ninguém o quer aceitar e a fila não anda. Escreve a tua intervenção para convencer um dos lados a aceitá-lo
Fátima Cordeiro escreve aqui
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