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Desafio de Escrita

Tema 2 - A Miúda

26
Mai21

Finalmente, a primavera começava a dar os seus primeiros sinais. Os pássaros que tinham partido no final do verão passado já estavam de regresso, as flores começavam a abrir, no ar corria uma leve brisa fresca e o sol ria-se para quem o quisesse ver.

Souberam escolher o dia perfeito para acampar. Ao todo, eram seis. Seis amigos ansiosos por poder voltar ao que mais gostam: à natureza, à liberdade, à tranquilidade. O primeiro acampamento do ano era sempre o mais aguardado. O lugar onde acontecia nunca se alterava. Assim o tinham combinado anos antes. E não era difícil de perceber porquê: de um lado, tinham o rio; do outro, a floresta. Ver o rio, de manhã, ao acordar, era simplesmente magnífico. A água era do mais azul que alguma vez haviam visto, estendia-se até ao horizonte e permitia ver, nas suas profundezas, as rochas que a água foi esculpindo ao longo do tempo. Lá ao longe, na linha do horizonte, viam-se as montanhas. Naquela altura do ano ainda tinham uns resquícios de neve, que se misturavam com o verde que começava a brotar.

Os seis amigos organizavam-se em duas tendas: uma para os rapazes, outra para as raparigas. O Caramelo, o rafeiro que os tinha adotado numa das suas aventuras, era a mascote do grupo e não tinha tenda atribuída uma vez que gostava de visitar as duas.

Naquela primeira manhã em que acordavam ao som das árvores a dançar, o Caramelo tinha escolhido a tenda dos rapazes e ainda dormitava. Lá fora, já alguém se tinha levantado e começava a preparar o pequeno-almoço do grupo. Foi quando deram conta que havia um problema: tinham embalado tudo o que iriam precisar, como de costume, mas parece que desta vez faltava uma coisa – o fogão. Como é que iriam aquecer a água e preparar as refeições sem fogão? Não o podiam ir buscar a casa, o caminho ainda era longo. Também não podiam arranjar lenha para fazerem uma fogueira, uma vez que a madeira ainda estava húmida do inverno. E agora? Cada pessoa tinha uma tarefa, a da Matilde era trazer o fogão. Como é que se esquece uma coisa grande e pesada?

Os que ainda estavam deitados, depressa se levantaram, ao ouvir a discussão. Um, pergunta o que é que se passa; outro, pede que se fale mais baixo que ainda quer dormir mais um pouco; um terceiro, que não está para chatices, vai dar uma volta para esticar as pernas.

O clima estava a aquecer quando o Simão anuncia, na serenidade que lhe era habitual, que se tinha lembrado de colocar um fogão extra na carrinha, por precaução, para o caso de haver alguma emergência. E ainda bem que o fez. Afinal havia outro fogão, a Matilde pôde ficar mais descansada e os amigos perdoaram-lhe a falha. Prepararam o pequeno-almoço e, no final, partiram à aventura pela floresta, à procura das marcas que haviam deixado no ano anterior.

 

A Miúda escreve aqui.