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Desafio de Escrita

Tema #2.3 - Daniela Maciel

18
Fev20
  A alma gémea
 
A primeira coisa que fez ao acordar foi olhar para o telemóvel.

14 de fevereiro, disse, em voz alta, para ninguém.

Suspirou, resignada. Atirou o telemóvel para o lado vazio da cama e fitou o teto.

Aquele era só o 26º Dia dos Namorados da sua vida em que acordava sozinha, sem um companheiro a seu lado. Não ia receber nenhuma das prendas lamechas que, por esses dias, inundavam as montras das lojas.

Algo de realmente preocupante se passava com ela. Como é que era possível que nunca tivesse tido um namorado? Que nunca se tivesse apaixonado?

Seria assim tão difícil encontrar a sua alma gémea? O tal que lhe provocaria as tão almejadas borboletas na barriga?

Existe uma alma gémea para cada um de nós. Esta era a frase que a sua youtuber favorita dizia todos os dias. Tornara-se famosa por dar conselhos amorosos nos seus vídeos e publicou, mais tarde, o Manual para iniciar relacionamentos, um livro para todos aqueles que procuram a sua alma gémea.

Contudo, nem os conselhos desta especialista funcionavam consigo. E acreditem, já tentara de tudo.

Atirou com os cobertores para trás e levantou-se. Não tencionava ficar nem mais um segundo na cama a lamentar-se da sua falta de sorte no amor.

Afinal, todos os dias eram bons para encontrar a nossa alma gémea.

Enquanto se vestia, ouviu o som de uma notificação no seu telemóvel. Agarrou nele. Era um lembrete para visitar a nova loja que abria nesse dia no centro da cidade.

Entusiasmada, acabou de se preparar, agarrou numa peça de fruta para comer pelo caminho e saiu de casa. Queria ser a primeira a chegar.

Pelo caminho, sorriu a todas as pessoas com quem se cruzou. Sentia no ar uma sensação de bom augúrio.

Não foi a primeira a chegar à loja, mas isso acabou por não ter importância. No momento em que se aproximou da montra para espreitar para o interior, todos os fracassos da sua vida desapareceram.

A sua barriga deu um salto. Sentiu um arrepio percorrê-la. Só podiam ser as tais borboletas.

Encontrara-o. O tal. Tinha a certeza, apesar de ainda não o conhecer.

Aproximou-se da porta, sem nunca desviar os olhos dele, e deu o primeiro passo.

Assim que entrou, ele fitou-a. Oh meu Deus, ele tinha o nariz mais amoroso que vira em toda a sua vida! E os olhos, tão vivos que pareciam sorrir! Ok, era um bocado peludo e talvez um pouco magro demais, mas o amor não se importa com o aspeto físico.

O amor sente-se.

Acabara de encontrar a sua alma gémea.

Sorriu, maravilhada.

Ia adotar aquele cãozinho.

Tema da semana: Manual para iniciar relacionamentos

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