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Desafio de Escrita

Tema 1 - José da Xâ

13
Mai21

Desafio de escrita dos Pássaros – tema1
Valdemar acordou repentinamente com o toque insistente do telemóvel! Estremunhado
da noite mal dormida e demasiado bebida, pegou no aparelho, viu o nome, fez um gesto
de enfado, mas atendeu:
- Estou… - responde com voz sonolenta.
- Bom dia Val! Acordei-te?
- Não… estou já no gabinete! – e após um breve silêncio - Claro que me acordaste.
- Temos pena, mas tens de te despachar que houve um homicídio.
- Logo a esta hora… - suspirou profundo - Está bem, está bem, dá-me a morada que vou
já para lá.
O inspector Valdemar era um daqueles jovens agentes, assaz competente, mas muito
boémio e que raramente andava de carro. Preferia os transportes públicos ou até mesmo
andar a pé. Por isso e após ter recolhido a morada colocou-se a caminho.
Ao entrar na rua onde ocorrera o crime apercebeu-se do ajuntamento, normal nestas
ocasiões, e aproximou-se lentamente tricotando entre a multidão como se não fosse
nada com ele. Muitos carros da polícia, muitos agentes, ambulância, tudo para lá das
fitas azuis e brancas. A costumada confusão e parafernália.
O agente Valdemar era conhecido pelas suas técnicas muito peculiares de dedução e
resolução de crimes. Considerava a opinião pública, por mais básica que fosse, uma
chave essencial nas suas investigações e nunca achava despiciente o que lhe
diziam, mesmo que meramente opinativo. Todavia fazia-o sempre sobre a capa do
anonimato.
Do lado de fora da zona proibida a estranhos, as pessoas juntavam-se, falavam e
comentavam, sem contudo saber concretamente o que acontecera:
- Dizem que se atirou do telhado…- palpitava um.
- Coitada – respondia uma velha mulher.
- Droga, isso foi droga – deitou-se adivinhar outra idosa embrulhada num xaile negro.
Depois acrescentou – Um primo do meu falecido marido fez o mesmo… Só desgraças.
Entretanto alguém assumiu:
- Foi uma navalhada no pescoço. A minha irmã acabou por me dizer agora por telefone.
Ela mora lá no prédio.
Alguns dos mirones acabaram então por desistir da curiosidade quando escutaram as
actualizações. Já não tinha qualquer piada...

O polícia anónimo ouvia, mas escusava-se a falar. Entretanto chegou perto de uma
mulher mirone que não se envolvera na conversa anterior e quase em surdina
perguntou-lhe:
- Bom dia, o que aconteceu ali, sabe?
- Bom dia… Ui uma desgraça…
E sem esperar nova pergunta continuou:
- Parece que mataram alguém. Dizem que foi por causa da droga.
- Ai sim?
- Foi o que eu ouvi.
- Ah, obrigado! Tenha um bom dia.
E passou por debaixo da fita mostrando a identificação a outro polícia, enquanto a
mulher curiosa com quem acabara de falar, abria a boca num espanto desmedido.

 

O José escreve aqui.