Tema 1 - Gaivota Azul
Numa noite de inverno,
promessas de algo eterno.
Junto à lareira a crepitar,
senti o coração palpitar.
Enquanto isso, lá fora o vento uivava
e a chuva, solidária, cantava.
Na manta que me aconchegava,
em lembranças navegava.
Eram ternas as palavras
que ao ouvido sussurraras.
Sentimentos outrora velados,
segredos agora desvendados.
Rompia a aurora, o lume adormecia.
Ao longe um galo cantava,
enquanto um cão ladrava.
E na torre da igreja batia,
anunciado a alvorada,
o sino da abadia.
Vencida a preguiça,
era hora do torpor abandonar.
A chuva já parara,
por entre as nuvens o sol despontara.
Saí para caminhar,
sentir a vida a acordar.
Eram vozes abafadas, sonoras gargalhadas
que de uma janela me chegavam.
Eram risos cristalinos, de espíritos vespertinos,
que noite após noite se entregavam.
Eram pássaros a chilrear e gatos a ronronar,
Crianças a brincar e idosos a conversar.
Enquanto por ali andei, tudo isto escutei.
Já o sol ia alto, quando finalmente me deitei...
Mantive a janela aberta, para o som deixar entrar,
Qual canção de embalar, deixei-me pelo sonho navegar.
Gaivota Azul escreve aqui.