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Desafio de Escrita

Desafio dos Pássaros 3.0 - Tema 4

19
Jun21

Caramba, todos conseguiram cumprir o desafio anterior! E eu quase que conseguia publicar o próximo tema a tempo e horas... 

Para o próximo dia 2 de julho, vamos pedir-vos que descrevam: 

Um encontro entre um anão e uma bodybuilder, marcado por ele, através do Tinder.

 

Maluco? Nah. Imaginem que vos pedíamos para vender compota de abóbora com amêndoa como máscara capilar? Isso sim, doidice pura. Agora isto? Só a normalidade dentro da anormalidade que é este desafio. 

Vá, vão lá enfardar as sardinhas e a broa qu'inda têm tempo antes do dia 2 de julho - às 15:00, como sempre. 

Sempre em Português de Portugal, prosa ou verso e nunca com mais de 500 nem menos de 100 palavras. 

 

Divirtam-se! 

 

(E obrigada ao sapinho mais fofo e querido pelo destaque da tag! )

Desafio dos Pássaros 3.0 - Tema 4

04
Jun21

Desculpem tardar no lançamento do próximo tema. Tentei atirá-lo para longe, mas não consegui. Sempre fui fraca em arremesso. 

Ora portantos, para d'hoje a quinze dias, dia 18 junho, teremos a seguinte premissa de orientação: 

"Caramba, quase que conseguia!" 

 

Desenvolvam a ideia, utilizando no texto as palavras preso, sangue, saco e tesoura. 

Já sabem: em português de Portugal, não excedendo as 500 palavras, nem contendo menos de 100. Prosa ou verso fica ao vosso gosto. 

Acima de tudo: divirtam-se qu'isto está quase a acabar! 

Tema #4 Miluem

11
Out19

Bichanou Lizete a Felismino, em que pé ficam o Cruzeiro às Concheles, a quota na Quinta do Verdete e o negócio?

Tanto a Dra. Lizete como o Eng Felismino eram de proveniência humilde, de famílias trabalhadoras e orgulhosas por terem um dos seus na Universidade.

Por obra do destino, viriam a encontrar-se no Campus da Universidade de Coimbra, e tornaram-se inseparáveis, união que se manteve após a Universidade e se firmou no casamento, formando uma nova família, ambos com carreiras de sucesso (um passado e história reescritos, os verdadeiros não estavam à altura do status entretanto adquirido) e sem qualquer pudor em "atropelar" quem estivesse no caminho.

A vida de reconhecimento social que almejavam estava finalmente ao seu alcance. O noivado da sua filha Beatriz com Henrique, o filho do seu cliente e amigo, Dr. Armando Albuquerque tinha-lhes aberto as portas do restrito "círculo das fortunas antigas" da cidade.

Beatriz tinha terminado há pouco o Curso de Medicina e pretendia tirar um ano sabático, antes da especialização em Cardiologia, e fazer voluntariado no interior do país junto de populações idosas, mas conheceu Henrique e o seu mundo mudou.

Apaixonou-se, todos os seus antigos planos mudaram e tomaram o seu lugar, uma família feliz com filhos queridos e amados e medicina exercida num pequeno consultório.

Henrique era possuidor de um Mestrado em Eng.ª Aerospacial, mas trabalhar não fazia parte dos seus planos, era apreciador de uma vida desregrada de luxo e estravagância,

Beatriz sem saber, era a "moeda de pagamento" de um negócio entre duas famílias, Lizete e Felismino compravam Estatuto Social a Armando Albuquerque e ofereciam uma fachada de respeitabilidade ao seu filho cuja conduta incomodava e embaraçava a família. Com os pormenores do "negócio" assentes, Lizete respirou de alívio.

O local escolhido para o casamento e boda, foi uma belíssima Quinta de Vinho do Porto à beira do Rio Douro, inundada de cores de Outono, que deslumbrava a fina flor da sociedade que ia chegando para as cerimónias. Lizete e Felismino andavam num frenesim com os convidados.

Beatriz, sozinha no quarto estava linda no seu vestido branco. Ouviu vozes em tom alterado, reconheceu-as e entreabriu a porta, ouviu parte da conversa entre Henrique e Armando e decidiu!

NÃO!!!

Tema da semana: A Beatriz disse não. E agora?

Miluem escreve aqui

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Tema #4 Just Smile

10
Out19

        Olha, agora paciência! Menina mimada que sempre achou que poderia ter tudo quando quisesse. Rais’ma parta a miúda! Vem lá ela, com aquele nariz empinado, dizer que não posso tirar um dia de folga? Ela? Ela que não faz nada da vida, que passa o tempo todo no facebook e de repente vem dizer-me que não posso tirar um dia de folga? Mas quem acha ela que é! Teve sempre tudo de mão beijada e achava que me poderia tirar um direito? Está sempre cheia de mania em cima dos saltos altos que tão bem lhe ficavam espetados na testa. E quando chega naquele BMW topo de gama? É que já nem falo do facto de sair sempre uma hora antes dos outros e de chegar sistematicamente atrasada. Sempre com a mania! Ai, não suporto a miúda. Para além da mania é incompetente! Não percebe nada do que diz, poderia estar um dia inteiro a tentar-lhe explicar os dados estatísticos da empresa que ela abanaria sempre com a cabeça que sim, mas nunca seria capaz de fazer um exemplo que fosse sozinha. Não tem um palmo de testa e tem a mania que é mais inteligente que todos os outros, como raio foi parar a um cargo de chefia? Teve de ser cunhas, só pode! E depois vem lá com o discurso que temos de ser compreensivos, que estes são tempos difíceis e que temos de agradecer a oportunidades que nos dão. Ela poderia era muito bem agradecer o que a gente se esfalfa para levar esta empresa para a frente ou até ter a humildade de que não percebe nada disto e que nós somos a sua salvação. Ao contrário disso, adora dizer que esta é uma empresa na vanguarda, mas não faz nada para que isso aconteça. Salva a sua pele é mais importante do que defender a camisola!

        Rais’ma parta a Beatriz! Ela disse que não? Olha, agora paciência!

Tema da semana: A Beatriz disse não. E agora?

Just Smile escreve aqui

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Tema #4 Maria João

10
Out19

A palavra soou como um estrondo embora tenha sido dita em voz baixa.

Ecoou na sala. Um eco de resposta demorada que só se fez sentir quando todos se calaram e o silêncio invadiu a sala. Não sei se foi o eco da palavra, ou o silêncio que ela provocou que fizeram mais ruido.

Como os líquidos escorrem pelas paredes quando se atira uma garrafa contra elas, era assim que o eco escorria pelo silêncio. Como se fosse sujo, mas não era, como se cheirasse a álcool, mas não cheirava, como se fizesse lembrar qualquer coisa infame, mas não lembrava, como se fosse deixar uma marca, um rasto por onde passava. E deixou.

Quem ouviu, deixou a palavra escorrer, para melhor tomar consciência do que fora dito.

Quando o eco deixou de se ouvir, o silêncio manteve-se e todos os rostos se voltaram, uns para os outros. Ironicamente, não se atreviam a olhar para a pessoa que dissera a palavra, como se assim não a tornassem real, palpável e ainda tivessem esperança que tivesse sido só impressão, uma má impressão. Preferiram olhar uns para os outros, incomodados e confusos.

Ao aperceber-se da ação que a palavra tomara, a sua autora repetiu a palavra, desta vez mais alto, para que não voltasse a haver nem dúvidas, e repetiu para que não houvesse tempo de a deixarem escorrer pela parede, a tentar perceber onde ir encaixar aquela resposta.

Toda a vida, havia dito que sim. Sim às ordens, sim aos desafios, sim às perguntas, sim às opiniões dos outros, sim… sim… como se só os outros importassem.

Desta vez, experimentou o não. Beatriz disse não a uma coisa tão simples, tão básica, tão triste e sentiu-se completa, profunda, feliz.

E o que os outros pensavam disso, não lhe importava. Que arranjassem mais alguém para dizer sim, porque agora ela passaria a dizer não!

 

Tema da semana: A Beatriz disse não. E agora?

Maria João escreve aqui

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Tema #4 Inês Norton

10
Out19

Estava tudo preparado ao mais ínfimo pormenor, para fazer a surpresa da vida da Beatriz, dando-lhe o casamento de sonho num momento em que não o esperava, os cúmplices tinham sido muitos, do noivo aos pais e sogros, ao nosso grupo de amigos sem esquecer o patrão dela que havia garantido a dispensa dela durante o período de dois dias antes da data do casamento e o tempo da lua de mel, e a coisa tinha sido tão bem organizada que na quinta-feira antes do dia D, a Beatriz nem sonhava o que lhe estavam a preparar.

Naquele momento, só faltava a Bé convencer a Bia a vir passar o fim-de-semana com ela e a amiga delas a Joana, com a desculpa que esta última estava a precisar das amigas para recuperar do fim do noivado desta, às vésperas do casamento. Todas esperávamos no carro quando a Bé, com um ar de desespero acercou-se do carro e disse:

-”A Beatriz disse que não. E agora? “

A Litta que não era de modas ligou logo para a mãe da Bia na esperança que esta nos desse uma ajuda. Meia hora mais tarde a mãe da Beatriz, chegou ao carro e levando a mala de viagem da Bia trancou-se com ela e o chefe da filha e não sei o que foi dito só sei que que nem uma criança mal comportada, a mãe da Bia trouxe-a até ao carro e entregou-nos a filha e foi assim que a noiva foi raptada para o seu próprio casamento.

Depois de uma despedida de solteira épica e de um casamento fantástico a Beatriz fez um discurso agradecendo a todos os cúmplices o rapto mais feliz que alguém podia imaginar lhe acontecer, e chorou emocionada pois não sabia ser tão afortunada por ter tão bons amigos e familiares que lhe deram aquele momento mágico. E nós emocionados de a vermos tão feliz também chorámos.

 

Tema da semana: A Beatriz disse que não. E agora?

Inês Norton escreve aqui

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Tema #4 dESarrumada Maria

10
Out19

Podia ter dito que sim, mas naquele dia não lhe apeteceu... Queria gritar um NÃO redondo na cara dele. E foi o que fez.

Mas ele não quis ouvir... Continuou a insistir. Queria fazê-lo, naquele momento, com ela. Porque a amava e a desejava. Disse ele.

Mas ela não tinha vontade e ele não podia obrigá-la. Já há muito que não o amava. Ele insistiu e encostou-a à parede... Tentando afastar-lhe as pernas. 

"ou dizes que sim, ou acabou-se tudo". - vociferou ele. 

"então por mim acaba aqui" - gritou ela a plenos pulmões.

Ele largou-a. E ela foi-se embora. Sem olhar para trás.

Tema da semana: A Beatriz disse que não. E agora?

dESarrumada Maria escreve aqui

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Tema #4 Belinha

10
Out19

Dois levaram-na até à mesa quadrada e forçaram-na a sentar na cadeira. À sua frente, sentado noutra, o homem vendado sorria de boca fechada. O Outro, que não mais pararia de andar à volta deles como um cavalo num redondel, acercou-se dela pelas costas e, puxando-a pelo queixo com uma mão, penteou-lhe os cabelos para trás com os dedos da outra, quase carinhosamente.

- Sim ou não, Beatriz?

Silêncio.

- Arménio, continua.

O homem ergueu a mão direita acima da cabeça grande.

- Ouço dizerem que torturamos pessoas. Fico triste. Nós apenas as convencemos a dizer a verdade.

Beatriz estremeceu.

- Vamos. As duas mãos sobre a mesa. Dedos bem abertos. Olha, assim, como estrelas do mar. Já falámos disto antes.

Em Beatriz nem os olhos pestanejam.

- Vamos lá, Beatriz. Não me obrigues a usar de novo a força.

Beatriz cumpre. Levanta os braços que lhe pesam toneladas e deslisa-os sobre a superfície de madeira. Então o homem vendado baixa o seu braço sobre a mesa e um estrondo ecoa pela sala mal iluminada. Ela sentiu o choque entrar-lhe pelas mãos. Todos os ossos tremeram dentro de si. O coração queria fugir dela, fugir dali. De novo o impacto. Impossível gritar, respirar já doía que bastasse. Os nós dos dedos alteavam-se-lhe, mas as suas cabeças estavam coladas com medo à superfície da mesa marcada e suja. O enorme martelo imobilizara-se entre o indicador e o polegar. 

Um breve alívio.

À pergunta de sempre Beatriz deu a resposta de sempre.

- Ouviste, Arménio? A Beatriz disse que não. E agora?

Arménio sorria como se nem estivesse ali. Limitava-se a erguer o braço telecomandado e a deixá-lo cair pesadamente na mesa, uma e outra vez.

Os Dois vieram buscá-la.

Beatriz sentou-se na cama a chorar. Soprou ar quente nos dedos feridos. Jamais voltaria a conseguir tocar piano como dantes. Adormeceu fetal, de mãos recolhidas nas axilas.

Uma mosca insistente batia na vidraça. O sol nascera. Beatriz culpou-a por ter despertado mais cedo para o horror. O insecto pousou na mesinha de cabeceira. Ela desferiu um golpe que sobretudo a magoou. Daí a pouco os dois voltaram para levá-la à arena.

- Beatriz. Sou paciente, como já deves saber. É uma pergunta simples. O Arménio só está aqui para te ajudar a lembrar.

O braço no ar. Um baque seco. A lâmina do cutelo aterra bem longe da mão nervosa de Beatriz.

 

Tema da semana: A Beatriz disse que não. E agora?

Belinha Fernandes escreve aqui

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Tema #4 A Gorda

09
Out19

Estava eu sentada no jardim dos velhotes a assistir a uma aula de yoga onde uma senhora de licra tentava ensinar velhotes a dobrar-se para lá das suas capacidades, quando me aparece a Clotilde toda ranhosa e num pranto dos diabos.

Senta-se ao meu lado e suspira como um cavalo cansado de carregar um gordo.

- Quê’quessepassa m’lher!? Deve ter sido dos píncaros para me vires incomodar na hora do conto erótico da Maria. Sabes como eu dou valor à minha literatura semanal.

- Sei, desculpa-me.

- Quê’caconteceu?

- É o Rogério.

- Pensava que esse já estava no papo Clotilde. Bem arranjado por mim. O gajo até é giro e deve afinfar-te bem. Com aquelas costas largas e mãos de escritório que passaram pela estiva.

- Eu também achava, mas o problema é a irmã dele. Ele diz que quer namorar comigo, mas a irmã não autoriza. A Beatriz disse que não. E agora?

- Aí Clotilde tu és uma moça que anda na Dificuldade mas és burra para a esperteza de rua. Até me doem os ossos quando falo contigo. Ele já te comeu?

- Ó Custódia…

- Não te ponhas com vergonhas. Abafou e afinfou ou só espreitou.

- Afinfou.

- Então esse menino precisa é que lhe apertem os compadres. Deixa comigo. A irmã não deixa é a perdigueira da mãezinha dele.

 

Fui ter com o Rogério. Aquele nabo torto estava a aproveitar-se da minha amiga e ainda por cima a espetar com as culpas na irmã mais velha que sempre foi uma mosca morta. Fui dar com ele no tasco da terra, já andava embeiçado por outra.

 

- Lha lá ó Rogério.

- Ora se não é a Custódinha! Que te traz por cá. Bons ventos.

- A única coisa boa é a lambada que te espeto nas ventas se tratas mal a minha amiga.

- Aí Custódia, a Clotilde é boa moça, mas a minha irmã não autoriza para coisas sérias.

- Cala-te grunho! A tua irmã é mosca e tá morta há anos, quer lá ela saber por onde te passeias. Estás a picar no pote e a dar de fuga baixinho a ver se te safas.

- Ela é feia que dói, às vezes até me ardem os olhos. Tenho de apagar a luz.

- Então habitua-te a andar a cavalo às escuras que a vais pedir em casamento.

Desmaiou aquele camurço.

 

Tema da semana: A Beatriz disse que não. E agora?

A Gorda escreve aqui

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Tema #4 Alexandra

09
Out19

As dores começaram às duas da manhã, primeiro apenas uma moinha de tempos a tempos.

Pelas 4 da manhã chamou um táxi e foi para a maternidade.

- Quer que avise alguém? Não tem que estar sozinha.

- Sou sozinha, não há ninguém para ser chamado.

Depressa as contrações apertaram e as dores fortes já vinham a espaços de menos de 5 minutos. Acalmou com a epidural e os pensamentos foram até àquele dia e àquele homem que lhe roubou a alegria quando lhe rasgou as cuecas.

De nada adiantou a Beatriz dizer que não. 

As lágrimas corriam agora como naquela hora.

Sentiu a cama ficar molhada com o rebentar das águas e a enfermeira aproximou-se.

- Tem a certeza que não quer chamar ninguém?

- Não mudei de ideias em relação a nada.

 

O bebé queria nascer e era agora.

- Já tem nome?

- Força, respire...

- Está quase, vamos...

Beatriz gritou com toda a força que tinha no corpo e a réstia de vida que tinha na alma.

 

Silêncio. Choro de bebé. Frases soltas que ela não conseguia processar.

- Quer pegar no seu bebé?

- Não. 

Beatriz disse que não, e agora...

- Mandem chamar a assistente social.

Tema da semana: A Beatriz disse que não. E agora?

A Alexandra escreve aqui

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