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Desafio de Escrita

Tema 2 - Lu

19
Jun21

 "Afinal havia outro.........."

Pista: rima com chão.

 

_ Ora bem, é de comer?
_ Não.
_Então, não é pão!

 

_É animal?
_Não.
_Então, não é cão!

 

_É um país?
_Não.
Então, não é Japão.

 

_É de gastar?
_Não.
_Então, não é tostão!

 

_É de morrer?
_Não.
_Então, não é caixão.

 

_É de amar?
_Não.
_Então, não é coração!

_OH pá não chego lá. Pode ser tanta coisa. De canhão a anão, de ração a vulcão! Sei lá. Outra pistinha talvez?  Queres ver que vou "matar" a minha cabeça para no final me dizeres que afinal, havia outro... fogão!

_Nem mais, acertaste.

A Lu escreve aqui.

 

Tema 2 - Dona Redonda

02
Jun21

Juntos há doze anos era sempre Ana que cozinhava. Carlos pouco sabia de cozinha e ela fazia tudo tão bem que ele se habituou. Ajudava-a às vezes a lavar a louça ou a metê-la na máquina. 

Para Carlos estava tudo bem até que começou a reparar que Ana andava estranha. Queixava-se do fogão, que os discos estavama pifar, que já ninguém arranjava aquilo. Parecia deveras aborrecida, mas depois ia arranjar-se e trazia comida de fora.

Ultimamente parecia-lhe que ela lhe queria dizer alguma coisa, mas depois não dizia o que era.

Começou com o ser importante sair da rotina, mudar para o que é novo e vai daí perguntou-lhe se podiam adiar as férias, e utilizar o seu subsídio para outra despesa. Respondeu-lhe logo que sim. Ela pareceu feliz com a sua resposta, o que o deixou ainda mais preocupado. Será que ela não queria mais que passassem férias juntos?

Haveria outro?

No dia seguinte quando regressou a casa do trabalho ela já lá estava e parecia muito feliz. Anunciou-lhe: "tenho uma surpresa, segue-me" E ele seguiu-a...até à cozinha. No lugar do antigo, estava agora um novo fogão de placas vitro-cerâmicas!

Havia outro, e com ele continuaram a viver os dois felizes para sempre.

 
Dona Redonda escreve aqui.
 
 
 
 

Tema 2 - Rita

02
Jun21

Naquele dia, decidiu finalmente aprender o maravilhoso segredo da Alquimia. Sempre se sentiu atraída pela magia e pelo desconhecido. Tudo o que sabia vinha do que tinha lido nos livros. Queria aprender, saber e quem sabe um dia ela própria ensinar os seus alunos. Tornar-se Mestre!
Tinha-lhe sido informado que o velho Alquimista vivia no cimo da montanha Verde, para lá do bosque Encantado. Já percorrera mais de 500 kms a pé. Estava exausta e com fome e nem sombra da dita cabana. Sabia que vislumbraria de longe o fumo a sair da chaminé, tal como a Professora lhe havia referido durante a longa conversa durante o encontro combinado ao fim dos longos 6 meses de espera. Teve de fazer um "pequeno" curso (como a Professora gostava de lhe chamar) antes de ser considerada apta a entrar no núcleo.

Chegara finalmente o momento por que tanto desejara e agora que estava quase lá a sua única vontade era de dar meia volta, voltar ao seu quarto na velha estalagem e tomar um banho!

Sentia-se esgotada e enganada! Percorrera um longo caminho para ali chegar e agora que aqui estava parecia que o seu objectivo estava cada vez mais longe de ser alcançado! Queria desistir!
Mas não o iria fazer. Já há muito tempo que sonhava com isto não iria agora perder esta oportunidade!

Continuou, assim, a subir pelo caminho de pedra até que se sentiu de repente vigiada. Parou por um breve minuto e olhou para trás. Não viu ninguém, nem as folhas das árvores pareciam mexer-se. Ao voltar-se de novo, um homem alto com uma longa barba branca olhava para ela com um sorriso nos lábios.

- Pensava-a já perdida, menina!- disse este continuando a sorrir e voltando-se de seguida na direção oposta.

Ela ficou por momentos imóvel sem saber se estava ainda a respirar, o coração parecia ir salta-lhe do peito. Como sabia ele que ela chegaria? Pelo que a Professora lhe tinha contado, o velho Alquimista não tinha qualquer contacto com a civilização, à parte os peregrinos que de tempos a tempos percorriam longos quilómetros para verem com os seus próprios olhos se era verdade a lenda que lhes era contada desde crianças.

Quando voltou a si já o Alquimista ía a uns bons passos de distância em direcção a um pequeno portão quase imperceptível entre dois grandes carvalhos. Percorreu um pequeno jardim muito florido e entrou numa pequena casinha de madeira.

A primeira coisa que lhe veio à cabeça ao entrar na pequena casa, ao contrário do que sempre imaginara que aconteceria quando finalmente chegasse a este momento, não foi, afinal, onde estaria o fogão onde faria todos as suas experiências químicas, mas sim que não lhe parecia ali haver espaço nem para duas pessoas se sentarem, quanto mais para aprender alguma coisa de Alquimia!

No entanto, entrar na cozinha seguindo o velho, percebeu, olhando pelo canto do olho, que não era naquele fogão onde iria começar esta fase da sua nova vida!

 

Rita escreve aqui

 

Tema 2 - Totó

01
Jun21

No primeiro dia que Joana pisou a calçada daquela vila, pressentiu que não ia passar despercebida e que não haveria de ter muito descanso.  Dona Custódia estava encostada à paragem do autocarro, com os olhos fixos em cada pessoa que o descia. Soube logo que era ela e aproximou-se.

- Olá, boa tarde. Sou a Custódia, a sua vizinha do rés-do chão e tenho muito gosto em acompanhá-la até casa. Só não consigo ajudar com as malas, por que sabe...dores da idade. 

- Boa tarde, agradeço-lhe imenso mas tem a certeza que sou a pessoa que tem esperado? - disse Joana, com dúvidas da senhora idosa, vestida de negro e de bengala na mão.

- Então não sei! É a Joana, a comandante do posto da GNR aqui da vila. Filha, que orgulho ter uma mulher a pôr os bandidos em sentido! Foi a minha nora que me disse que ia ter uma vizinha da GNR e que chegava hoje à tarde na carreira de Louriça. Vamos andando, fiz-lhe uma sopinha de feijão muito boa que até os meus netos se lambuzam com ela. Também fiz um bolo de laranja para comermos logo ao serão com um cházinho. 

"Chá! Serão!" pensou Joana. Ainda mal tinha assente os pés naquela terra e já estava amarrada à velhota. Joana estava incrédula a observar aquela senhora, enfezadita mas cheia de força na língua.

Quando chegaram à nova casa de Joana, Dona Custódia fez a visita guiada, justificando-se de que tinha trabalhado para o senhorio quando era nova, fazendo visitas aos apartamentos do prédio e de outros prédios dele, por isso conhecia os cantos todos da casa. Joana agradeceu e depois da visita guiada, disse-lhe que precisava de um banho quente e de começar a arrumar as suas coisas.

- Claro, menina. Esteja à vontade. Eu vou até lá abaixo a casa, preparar o seu jantarinho. Esteja à vontade.

A verdade é que a casa não era realmente de Joana mas se ia pagar renda, era como se fosse dela. O "esteja à vontade" pareceu-lhe demasiado invasivo e previu problemas de privacidade.

Depois do banho, encaminhou-se para a sala que partilhava uma pequena cozinha e voilá, Dona Custódia, sem bengala e de passo ágil andava de volta de uma chaleiraA seu lado, na bancada, havia uma panela e um prato com um bolo de cor bonita e que estava a adocicar o ar do pequeno espaço. Joana recordava a sua avó, já falecida, a fazer o mesmo quando ela era pequena. 

- Não consigo pôr a água a ferver com esta coisa. Não assenta no bico do fogão.

- Dona Custódia, se me permite, vou explicar-lhe. É que este aparelho é elétrico, liga-se à tomada.

- Ai filha, obrigada. Estou tão desatualizada com estas coisas. Que disparate!

Ligou a ficha e soltou um animado "Ah! Afinal havia outro fogão!". Ambas riram-se muito.

Joana sabia que a sua vida dali para a frente não ia ser fácil mas também era bom ter companhia.

 

Totó escreve aqui.

Tema 2 - Introvertida

01
Jun21

Adelaide saiu de manhã cedo. Eram poucas as ocasiões que a faziam arranjar-se com o cuidado que fizera naquela manhã. Era a mais nova de 10 irmãos e a única que não emigrou. Gostava de rever toda a família mas não deixava de se sentir um tanto envergonhada pela sua modéstia em contraste com a pompa que os seus irmãos exibiam. Prometeu ir ajudar a irmã a preparar o almoço de família daquele domingo. Tinham, finalmente, a casa perfeita para acolher a numerosa prole que continuava a crescer a olhos vistos. O almoço anual tornou-se um ritual logo após a morte da matriarca há cinco anos. Olinda marcou várias gerações através do seu trabalho como costureira e o seu trabalho tornou-se famoso na região logo após o seu retorno de Paris antes da guerra estourar. A sua progénie prometeu celebrar a vida de sua mãe logo no dia do seu enterro e, apesar de dispersos pelos quatro cantos do mundo, tinham, anualmente, dia e hora marcada para se reencontrarem, recordarem e criarem novas memórias.

Alice voltara às origens há um ano. Ao final de quase quarenta anos nos Estados Unidos voltou à terra que a viu crescer depois de terminada a construção da sua mansão. Acostumara-se a viver o sonho americano e mesmo não tendo necessidade de tanto espaço para si e para o marido, avançaram com o projeto. Assente numa pequena colina, o largo portão da entrada em ferro trabalhado dava acesso à porta principal da casa através de um caminho estreito em pedra calcária. A casa de três andares e traça moderna destoava das construções em redor, típicas daquela zona do país. Chamava a atenção pelos relvados e estatuetas da fronte mas apenas os mais próximos de Alice sabiam do seu orgulho nas roseiras que tinha no jardim das traseiras da casa. Adelaide adorava cozinhar mas a cozinha era a parte de que menos gostava na casa da irmã. Demasiado grande, revestida pelo que lhe pareciam milhares de portas que escondiam todos os equipamentos de um cozinha comum. Queria muito ajudar mas sentia-se perdida e frustrada por não saber ali navegar à vontade.

Parte da família já estava instalada e enquanto os miúdos brincavam no jardim e se preparava o churrasco, o resto da família ia chegando em intervalos cada vez menores. As duas irmãs preparavam o banquete e a elas se iam juntando mais membros, a conversa ficava mais ruidosa e animada.

- A mesa já está posta! - anuncia Daniela, uma neta - Posso começar a levar a comida?

- Podem começar a levar tudo, já está tudo feito, só falta uma perna de perú que ainda está no forno mas já vou desligar - responde Alice, de sorriso nos lábios, satisfeita com o trabalho daquela manhã e de coração cheio com a animação e amor que sentia com todo aquele rebuliço.

- Falta ainda fazer a comida do António! - exclamou Adelaide, meio em pânico porque estava à espera que o fogão fosse liberado para cozinhar a dieta do marido - Ele só pode comer cozidos...

- Oh Lai, já podias ter dito, não tinhas de esperar - respondeu Alice por entre gargalhadas. - Está ali outro fogão, podias ter usado.

- Sabia lá que havia dois fogões... Por que raio havia uma casa de ter dois fogões? - ripostou Adelaide.

 

Introvertida escreve aqui.

Tema 2 - Caracol

31
Mai21

Ninguém sabe quando chega o fim. Quando o apito do monitor se torna num zumbido constante, numa linha infinita acusando o eco vazio de um coração parado.

Amadeu tinha a certeza que o seu fim estava próximo, quando a inconsciência lhe foi imposta.

Preso a uma máquina que lhe ditava o ritmo e intensidade da respiração, inconsciente da sua fragilidade e de como o corpo se agarrava a cada fio de vida, Amadeu sonhava.  

Na verdade, não sabia se sonhava ou se apenas divagava, entre memórias perdidas do acervo de alguém que já viveu mais do que a estatística diz ser a média comum. 

- Não precisamos de outro fogão, Irene! 

- Amadeu, este fogão nem sequer é um fogão! É um bico de gáz, homem! É claro que precisamos de um fogão. É preciso fazer a sopa para o menino, coitadinho... só com um bico não consigo dar vazão a tudo, 'Madeu!

Suspirou, como quem assume a derrota. Estavam ambos a fazer um esforço árduo para construir a casa. Não era um palácio, nem sequer uma mansão, só pretendiam um abrigo modesto a que pudessem chamar lar durante o resto da vida. Havia já paredes ao alto e placas de chão assentes, mas faltava ainda um bom tecto e um telhado eficiente. Para o fogão, ou para o outro fogão, seriam precisos três contos e quinhentos. Dois meses do seu salário, um mês a jantar água de arroz e mais meio ano a adiar um telhado eficiente. Para já, o tecto de cimento ia aguentando a chuva e entretanto chegaria a primavera com o tempo mais ameno e seco. Sim, podia adiar o telhado mais um pouco. Não mais que as duas estações que faltavam, mas o patrão também lhe prometera um aumento da jorna, talvez até conseguisse o telhado antes, se o aumento se verificasse. Olhou para a mulher embalando o pequeno António, cantarolando-lhe baixinho e percebeu que mais um mês a água de arroz pouca diferença lhe faria. O fogão iria facilitar a vida da mulher e talvez até Irene conseguisse mais alguns arranjos de costura para ajudar à despesa. 

- Amanhã vamos à loja do s'Alfredo e lá vemos se se arranja outro fogão.

O corpo adormecido manteve-se imóvel ao rever aquele dia, mas dentro dele, um Amadeu soluçava silenciosa e copiosamente, questionando se algum dia voltaria a ver Irene e o fogão, já velho e ferrugento nas bordas, mas onde ainda fervia o leite, todas as manhãs.  

 

A Caracol escreve aqui. 

 

Tema 2 - Carla

31
Mai21
Estava no festival sudoeste, numa fase boa da noite. Foi numa edição antiga do Festival, daquelas onde ainda não existia publicidade e brindes a cada esquina. O clima estava perfeito, a noite limpa e a mente exatamente como se quer num festival de música de verão. Era bom.

O fogão a gás tinha avariado, estava partido… não funcionava, ou lá o que era. Não me interessava muito... Naquela altura não me interessava muito comer.

Estávamos com alguns amigos dele a ver o concerto de Franz Ferdinand. De repente, ele desapareceu. “Foi buscar o outro fogão.”, disse o Zé.
 
O fogão? Qual fogão?

Na minha mente, provavelmente já pouco sóbria, passaram todo o tipo de filmes. Estava a vê-lo ali, um pouco mais atrás, um pouco mais à frente, com uma rapariga qualquer. Olhei para um lado, para o outro, e a minha mente mandou-me parar. Pensei durante 3 segundos e saí dali.

Estava furiosa. Furiosa. A minha mente parecia delirar febrilmente com os dramas que concebia, alimentados a ciúmes doentios.

Vestida com uma saia preta fluida, um top finíssimo e com uns sapatos pretos de salto alto, percorri, sem destino, o solo de terra seca e poeirenta. A determinada, um grupo de rapazes meteu-se comigo, com decência e cuidado. Não posso jurar, mas pareceram genuinamente curiosos com a minha indumentária pouco adequada a um festival de música. Despachei-os rapidamente com alguma rispidez. Estava mesmo muito mal-humorada.

Até que ouvi a música.

Sentei-me num monte de terra, com o palco à minha frente. E ouvi, pela primeira vez, Life on Mars, pelos Divine Comedy, na versão de Yann Tiersen.
Tudo o que existia à minha volta, desapareceu. Esfumaram-se as pessoas, as barracas, os cheiros, as vozes e os quilos de terra em forma de pó.  

A tela da minha realidade encheu-me de uma cor cintilante e dourada sobre o fundo de uma noite de verão perfeita. Era só eu e aquela música.
E ter ido ali, mesmo de saltos altos e roupa estranha, fez todo o sentido. Estava tudo exatamente como devia estar.

Quando voltei para junto das outras pessoa e vi o meu namorado outra vez, nem me lembrava do que me tinha feito sair, furiosa, do concerto de Franz Ferdinand.

“Eu? Não te vi e fui dar uma volta e ver os outros concertos.”, disse eu, sorridente e bem-disposta.

Mais tarde, num canto da tenda, estava o outro fogão.
 
Carla escreve aqui. 
 

Tema 2 - Marta

30
Mai21

"Certo dia, conversava um casal de namorados...

 

Ele: Tens mesmo que ir?

Ela: Sabes que sim.

Ele: Porque não ficas aqui comigo?

Ela: Porque tenho que ir trabalhar.

Ele: Estou farto de ter que te partilhar com ele. Queria-te só para mim.

Ela: Pois, mas é ele que me garante o dinheiro ao fim do mês.

Ele: Eu também te podia pagar. E não tinhas que o ver mais.

Ela: Já te disse várias vezes que não quero misturar as águas. Uma coisa é a minha relação. Outra, é o trabalho. Além disso, eu gosto do que faço.

Ele: Mas depois, sempre que estou contigo, sinto o cheiro dele. Daquilo que fazes com ele. E fico cheio de inveja, e ciúmes, por não ser eu. 

Ela: Amor, sabes que eu gosto muito de ti, mas nunca na vida poderias ser ele. Nem eu ia querer isso. Prefiro que sejas quem és. Além disso, sabes que partilho sempre contigo aquilo que fizemos juntos.

Ele: Mas não é suficiente. Precisamos de mais tempo para nós. E ele está constantemente a roubar-te de mim.

Ela: E tu estás a querer roubar-me a ele! Não sejas imaturo.

Ele: Não sou imaturo. Sou realista.

Ela: Bem, podes sempre vir comigo e divertimo-nos os três!

Ele: Alguma vez? Não fui feito para isso. Não tenho esse teu dom para aguentar gestos repetitivos, fazer o mesmo uma vez e outra, sem querer fugir.

Ela: Então, não te queixes. 

Ele: E se eu te pedisse para escolher entre eu e ele? Eras capaz de me deixar?

Ela: Tens dúvidas?! Isso seria demasiado infantil da tua parte, até porque também acabas por usufruir daquilo que faço. Mas não me ponhas à prova, porque ficas a perder.

Ele: Traidora! 

Ela: Exagerado! E, por falar nisso, estou atrasada. Tenho mesmo que ir cometer umas infidelidades!

 

E nisto, ela levanta-se, veste-se, e dirige-se ao seu posto de trabalho, na cozinha, onde o fogão a espera, para mais uma maratona de iguarias que ela terá que cozinhar, para satisfazer as encomendas do dia!

 

Marta escreve aqui. 

Tema 2 - Gaivota Azul

30
Mai21

Aromas de ervas mil enchem o ar.

Faz tempo que não cozinho. Sempre ajudou a clarear ideias.

Instintivamente reúno os ingredientes que irei necessitar.

Não preciso medir ou pesar, a mão não me falha.

Anos a fio em torno do fogão fizeram de nós cúmplices.

Lamurias, lamentos, dúvidas, esperanças e lembranças, tudo partilhámos.

 

Hoje olhei a imagem refletida no espelho e não me reconheci.

Acenei-lhe e ela sorriu-me de volta.

Vislumbres de uma vida preenchida, de uma vida feliz!

Imagens tão nítidas que negaria terem-se passado sessenta anos.

Abracei-me. Ainda vivo em mim! 

 

Ocasionalmente passeio-me pelo passado.

Ultimamente agarro-me ao Aqui e Agora.

Tudo é efémero! A começar por mim.

Recuso-me a aceitar a noite eterna.

Obstinada, regresso ao comando daquele que sempre me pertenceu.

 

Frequentemente dou por mim a divagar. Resisto.

Organizo mentalmente os próximos passos.

Gestos rotineiros ensaiados e repetidos até à perfeição (ou exaustão)

Alguém bate à porta. É novamente a Saudade a chegar.

Oiço o que tem para contar. Algo me diz que desta vez veio para ficar.

 

Gaivota Azul escreve aqui.

Tema 2 - Drama Queen

29
Mai21
 

Em tempos longínquos onde havia liberdade de conviver...Entram na sala onde havia muita comida.

- Ai filha, que festa tão bonita...

- Ainda bem que gosta também não é todos os dias que se faz 100 anos!

- Ó filha como é que conseguiram fazer esta comida toda...

- Comprei um Robot de Cozinha ajuda fazer a comid...

- Á filha então a comida não presta feita nessas coisas, faz muito rápido....

- Afinal, havia outro fogão. Mais duas senhoras ajudar a fazer isto tudo.

Também existia pequenas mentiras para poder sermos felizes com as nossas pequenas verdades.

 

A DramaQueen escreve aqui.