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Desafio de Escrita

Tema #15 - Sónia Figueiredo

12
Jan20

Estava já a fazer a mala para voltar para casa com os presentes que tinha vindo buscar aqui, à Lapónia quando recebo um email dos pássaros. Tinha que ir gravar uma entrevista. Pensei, então mas eles querem continuar fechados na Gaiola?

Que seja, eu prometi à Maria que os lá deixaria até ao final, e eles até estão a ajudar. 

Mas a Rena Rudolfo já tem 80 anos, e também ela está a querer a reforma, vai fazer entrevistas e depois vai descansar para um local com sol. 

Preparei todo o material e fiz sinal a Rudolfo que podia começar.

O candidato entra e diz:

- Boa tarde

- Boa tarde, em primeiro lugar porque se candidatou e porque acha que daria um bom pai natal?

- Porque estou a ficar velho, gordo, com barba e cabelo branco.

- Pois, esse tinha que ser um requisito, e que mais?

- Porque estou a fugir?

- De quem? Da policia?

- Não

-Então?

- De um bando de pássaros

Rudolfo olhou para ele intrigado e pensou que não devia bater muito bem da cabeça.

- Explique-se melhor

- Então tudo começou há 14 semanas, inscrevi-me num clube e desde então a minha vida virou um verdadeiro filme, eu fui único que escapou da Gaiola, há duas semanas e consegui fugir, achei que ninguém viria para aqui, porque aquela gente gosta é de ilhas desertas e sol. E como estou desempregado candidatei-me.

- E quanto tempo acha que aguenta o frio?

- Vê-se mesmo que não conhece aqueles pássaros, vá ter com eles e percebe. Depois daquela experiência aguento qualquer coisa.

- Não sei...parece-me um pouco perturbado, mas conte lá.

- Oiça aquilo era só problemas, para fugir tive que dar um estalo ao que estava mais bêbado na festa para escapar, depois sair do bairro sem perceberem que faltava um pássaro na gaiola, foi uma verdadeira aventura. Ainda encontrei a Beatriz, que me disse que não devia fugir, mas não lhe dei ouvidos, e disse que tinha que ser, ela ainda perguntou: E agora, que vais fazer? eu respondi que até preferia ir para o purgatório para junto do Hitler.

- Valha-me Deus, que aventura, mas continue...

- Pelo caminho ainda resolvi ir para uma ilha deserta, conheci uma rapariga fomos viver para uma cabana, mas um dia deixei o frigorífico aberto, e ela ficou furiosa porque tinha comprado 40 frascos de compota de abobora à Constança e ficaram todos estragados com o calor, meteu-me num barco sem ramos e fiquei à deriva no mar. Sem água e sem comida, apenas tinha no barco um caderno e um lápis e pensava que era o fim e resolvi escrever uma carta à criança que eu tinha sido.

- E porque fez isso?

- Porque as crianças são a melhor parte de nós.

- Mais um ponto a seu favor...mas continue

- Depois adormeci de cansaço, fome e exaustão e acordei numa ilha todo nu e não me lembrava de nada. A primeira coisa que oiço quando acordo é de um barco cheio de gente a chegar à ilha e uma histérica só gritava: Já Chegámos? Já Chegamos. Perguntei onde tinham chegado, pois não sabia onde tinha naufragado. Disseram que era a ilha dos animais encantados

- Como assim?

- Ali os animais falavam com as pessoas, mas acho que era a falta de água e comida, fui à procura de água e comida, e quando encontro, aparece um bando de pássaros a dizerem-me que tinha que voltar, eu pensei tenho que sair daqui o quanto antes, porque eles não se calavam. Senti que estava a viver o final daquele filme do Tom Hanks, o naufrago, porque lá aparece uma alma caridosa de avioneta e me tira dali. Perguntei para onde ia, e disse que vinha para a Lapónia e eu disse que ia, porque não tinha nascido para aquilo. E aqui estou eu.

- De facto viveu muito em apenas 14 semanas. Está contratado.

Brindam felizes, quando eu que estava a filmar a entrevista digo:

- Tudo muito lindo, mas pássaro um vez, pássaro para sempre, vais voltar comigo hoje mesmo

- Nãoooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo

- Simmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm. E quando lá chegarmos vais direitinho para a Gaiola e depois logo vejo o que faço com vocês todos. 

Rodolfo olha incrédulo para aquilo e pensa:

Mas de onde veio esta passarada? E sem mais vira-se e diz:

- Então e o Pai Natal?

- Mas acha que alguém ainda acredita no Pai Natal?

- Estou velho, cansado e farto de frio e preciso de um pouco de animação e já percebi que isso vocês têm de sobra, por isso vou convosco e ainda vos dou boleia.

- Muito bem, o trenó está pronto?

- Sim, só uma coisa, o pai natal também vai

- Venha, assim passa o Natal lá em casa

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Tema da semana: O Pai Natal decidiu reformar-se e as entrevistas começam esta semana. Descreve uma dessas entrevistas na perspectiva do recrutador de recursos humanos: A Rena Rudolfo.

Sónia Figueiredo escreve aqui

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Tema #15 Outra

05
Jan20

Sobre o tema #15, o Rodolfo (Escreve-se com O , não com U) ficou tão traumatizado com o facto de lhe escreverem mal o nome que decidiu que a única prova a que submeteria o novo pai-natal seria um desafio de escrita...do seu nome...

Sabem que mais? estragava-se o natal se não fosse um rapazinho chamado Rodolfo que chegou e passou com distinção no teste!

 

 

Tema da semana: O Pai Natal decidiu reformar-se e as entrevistas começam esta semana. Descreve uma dessas entrevistas na perspectiva do recrutador de recursos humanos: A Rena Rudolfo.

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Tema #15 Insensato

03
Jan20

O Pai-Natal há muito solicitou a reforma. Demência e artrites várias não foram razões suficientes para que o Governo português agilizasse o processo com a rapidez necessária. Afinal, ele não se dedicou à política, nem manteve conhecimentos em certa orla social. O deferimento foi conseguido já no mês de dezembro, o que desesperou Rodolfo, incumbido de recrutar um novo sujeito para o cargo, independentemente da nacionalidade

Não foi difícil divulgar a vaga de emprego. Os candidatos logo surgiram, em grande número, para tão curto espaço de tempo, entre homens e mulheres repletos de energia, esteroides e algum botox. Na fila de espera, as conversas divergiam entre aqueles que temiam tornar-se “porcas”, com a chegada da época natalícia, sem acesso ao ginásio e os que receavam a ausência de internet móvel, por forma a divulgar as fotografias das funções, nos diferentes lugares. Isto, sem esquecer a falta de tempo para as “nudes”, testar e divulgar mil e um produtos de cosmética, sem quaisquer conhecimentos.

De repente, sem qualquer alerta vermelho prévio, a depressão Elsa instalou-se.

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Perante ventos e chuvas fortes, a maioria dos candidatos buscou auxílio nos pais, alguns deles sem poder vislumbrar o merecido descanso, já que o mimo excessivo, outrora dado, tornou-os escravos das suas crias. Não obstante a idade e a fase adulta, molhar as roupas ou as botas, não poder exibir os modelos e o corpo, combinados com a traje, levou à desistência de outros. Alguns deles, apesar das adversidades do clima, aproveitaram para tirar algumas fotos no rio Mondego, fazendo referência, nas redes sociais a Veneza.

Para dificultar ainda mais a árdua tarefa de Rodolfo, perante candidatos tão inusitados, cuja palavra “vergonha”, proferida na Assembleia da República, ecoava na sua cabeça, um apagão fez-se sentir. O vento embalou muitas famílias, de velas acesas, durante o jantar. Em muitos pontos do país, o espírito de natal disseminou-se, considerando outros tempos, com as famílias a conversar, algumas com o som do rádio, enquanto saboreavam os alimentos e a presença dos seus elementos. Neste ano não houve Pai-Natal. Perante as adversidades, o estado da calamidade e a ausência de tempo, Rodolfo reabrirá as candidaturas no próximo ano. Entretanto, há que consciencializar a população para esta quadra, uma vez que têm vindo a aumentar os sem-abrigo, a fome, a futilidade e a falta de respeito pela natureza.

 

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Insensato escreve aqui

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Tema #15 Osapo

25
Dez19

O Rudolfo e o Jacinto no IEFP…

Sentei-me numa cadeira da sala fria que o IEFP disponibilizou. Da mesa, mal-amanhada, conseguia ver a rua Santos Bernardes, emTorres Vedras.

Tinha um candidato daquela cidade para entrevistar. O anúncio não surtira grande efeito.

O bacano entrou com rabo-de-cavalo, alargador na orelha esquerda, caveira tatuada no pescoço e calças rasgadas nos joelhos. Cumprimentou-me com “Oi” e sentou-se sem o ter convidado.

Chamava-se Jacinto. Pôs uma caixa estranhae iluminada em cima da mesa e sacou de uma folha com gatafunhos que, sem demoras, começou a ler.

Senhor Rudolfo, no Natal quero que um telemóvel novo, 200 gramas de haxixe e um pacote de férias para mim e a minha gaja”.

Não percebendo nada do havia dito, fiquei assustado. Respirei fundo e com a voz rouca e calma disse-lhe:

Deve haver algum engano Senhor Jacinto. Não venho receber listas de presentes de Natal mas recrutar quem os queira entregar”.

Eu sei pah. Mas o primeiro a receber prendas sou eu. Mas tenho mais exigências”, disse despreocupado.

Quais?”, disse apavorado.

Três salários mínimos nacionais, 15 vezes por ano, 30 dias úteis de férias, subsídio de almoço e de jantar, seguro de saúde, formação profissional, distribuição de lucros e melhoria das condições de trabalho”, disse sorrindo.

Condições de trabalho?”, disse exasperado.

Sim, meu, isso de andar de trenó já era. Quero uma viatura com conector USB para ouvir música, bluetooth e GPS. E nada de descapotável que está frio, quero um TESLA, pick-up(1)”, disse angelicamente.

Sem conseguir reagir, continuou “E nem pense que vou descer por chaminés. O caraças é que vou. Deixo na porta da frente e sigo para a próxima”.

Devia estar pálido porque o bacano me perguntou se estava a sentir-me bem.

Ainda bem que não levantou questões com o fato de Pai Natal. Não somos condescendentes nestas tradições”, respondi-lhe, tendo-me retribuído com o melhor sorriso.

Estou contratado?”, perguntou com ansiedade no rosto.

Sim, à experiência por 30 dias. Começa amanhã, às 9 horas nesta morada Jacinto”, respondi estendendo-lhe a mão, que saudou,saindo da sala lampeiro e a gingar.

Mal fechou a porta, sai o Nicolau do armário onde esteve escondido,com uma expressão preocupada “Contrataste este gajo com as condições que exigiu?”.

Com um sorriso respondi-lhe “Sim, ele vai perceber que o contratamos para trabalhar como Pai Natal no Carnaval de Torres Vedras (2)… onde ninguém é o que aparenta … e dura apenas três dias!!!”.

 

Notas do Sapo:
(1) https://quatrorodas.abril.com.br/noticias/tesla-cybertruck-pode-ser-vetada-na-europa-por-nao-ter-padrao-de-seguranca/

(2)https://www.carnavaldetorres.com/

 

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Osapo escreve aqui

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Tema #15 Fátima Cordeiro

25
Dez19

Intervenção da narradora-autora: Comunicado urgente. Daqui a narradora-autora! Interrompemos aqui a estória de Guilherme, Guillaume e Matilde porque o Pai Natal decidiu reformar-se e por isso a Rena Rudolfo, a profissional de recursos humanos nomeada para a tarefa, teve de começar a fazer entrevistas. E pediu-me com urgência para lhe deixar contar aqui neste espaço como correu a entrevista com o tio do Guilherme. Assim, em rigoroso exclusivo, a Rena Rudolfo.

A estória de Guilherme, Guillaume e Matilde retomará a sua rota assim que for possível!

Rena Rudolfo: José está reformado e tem 65 anos + IVA. A reforma é pequena por isso candidatou-se ao lugar de Pai Natal. Isto li eu na sua carta de motivação! Parecia-me um velhinho normal, como os outros. Imaginava-o aos Domingos a jogar cartas no bar da aldeia. Mas não! Em vez disso veio para a entrevista citar Immanuel Kant, Ludwig Feuerbach, Karl Marx e John Stuart Mill. Um leitor de filosofia, olhem o perigo! É claro que depois de lhe ter perguntado qual era a tarefa mais difícil que um Pai Natal fazia e ele me ter respondido que pensar é a tarefa mais difícil do mundo ficou automaticamente desqualificado para o cargo!

Está lá fora uma fila enorme de candidatos. De certo qualquer um será melhor que este.

 

Tema da semana: O Pai Natal decidiu reformar-se e as entrevistas começam esta semana. Descreve uma dessas entrevistas na perspectiva do recrutador de recursos humanos: A Rena Rudolfo.

Fátima Cordeiro escreve aqui

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Tema #15 - A Caracol

25
Dez19

Rudolfo bufou, exasperado. 

Já tinha feito mais entrevistas de emprego do que os embrulhos de umas horas de trabalho de um Elfo. 

À sua frente já se tinham sentado: um Pai Natal bêbado depois do seu turno no centro comercial, Rita Ferro Rodrigues que lhe limpou a paciência para os próximos três anos com o politicamente correto, André Ventura que tentou ludibriá-lo com discursos utópicos e assertivos, mas dali não levou nada, que Rudolfo é só um antílope e não um peixe. Esteve três infinitas horas com Joacine, apenas para ela lhe dar os bons dias. Quando a conseguiu despachar, colocou o Radio GaGa em loop, só para descontrair. Trump também tentou a sorte, mas recuou quando Rudolfo frisou que "todas as crianças do mundo, incluem também as mexicanas." Seguiu-se Bolsonaro, que saiu chamando a rena de "animal", quando este lhe disse que teria de usar uma política mais sustentável. Até Greta apareceu, cheia de ideias inconcretizáveis e um punhado de embalagens recolhidas das Maldivas, com as quais pretendia embrulhar todos os presentes do mundo. Bonito, mas inconcebível num curto espaço de tempo. Numa das suas pausas para o lanche, ainda esbarrou com Marcelo Rebelo de Sousa, mas o homem só queria um selfie e não o cargo. Do mal o menos, sempre era mais publicidade para atrair mais candidatos ao cargo. 

A vida não era justa. Tinha pedido férias ao patrão e justamente nesta semana é que o sacana do velho anuncia a reforma. Engoliu o resto do almoço e bebeu o café de um trago só. O próximo entrevistado esperava-o e tinha grande fé neste candidato. 

- Então, diga-me: está disposto a deixar tudo para fazer as crianças mais felizes nesta quadra? 

- Eu já não tenho quase ninguém, sabe. A minha família apoia-me e vou sentir-lhes a falta, mas eu sei que ainda consigo fazer melhor e compensar, de alguma forma, os erros que cometi. 

- Tem experiência em cargos similares?

- Não com tanta responsabilidade, seguramente. Há uns anos largos, numa outra vida, fiz várias pessoas felizes com sorteios num programa de televisão. Era gratificante poder oferecer alguma coisa a alguém que, muitas vezes, não tinha nada. 

- Um programa de televisão, disse? 

- Sim, sim. Olhe, até tinha uma ajudante, quase como o Pai Natal o tem a si. 

- A Lenka? 

- Não, não... - assegurou o entrevistado por entre risos - a minha ajudante era mágica, criou todo um mundo de imaginação à sua volta, as pessoas sonhavam com ela e nem sequer tinha uma curvas tão atractivas como as da Lenka. Fazíamos uma boa parelha. Se conseguir o cargo, vou perguntar-lhe se está disponível para voltar a espalhar magia comigo. 

- Ajudas são sempre bem-vindas. E com magia, ainda melhor! E diga-me: crianças. Como se dá com elas? 

- Oh, as crianças...! O que gosto de crianças! E de as fazer felizes. São um profundo poço de aprendizagem, sabe? Valorizam as mais pequenas coisas e ensinam-nos que o que realmente vale a pena, o que realmente importa não são os presentes mais caros ou as marcas mais luxuosas: é o momento, o tempo e o carinho que lhes dedicamos. Adoro crianças! 

- Há muito tempo que não aparecia aqui alguém com um discurso tão entusiasta sobre a miudagem, sabe. Até deu gosto ouvir. Creio que temos contrato. Vamos só tratar das formalidades e começa... amanhã. Que me diz, senhor... Peço desculpa, relembre-me o nome, por favor? 

- Cruz, Carlos Cruz. 

Tema #15 Catarina Reis

25
Dez19

- Bom dia.

- Bom dia.

- Rodolfo.

- António Silva, prazer. - disse enquanto apertei o casco da rena

- Então o senhor que está aqui para a entrevista?

- Sim, claro que sim. Tenho feito vários trabalhos como figurante de Pai Natal. Penso que estou apto para assumir o lugar.

- Vamos ver... Vejo que tem um currículo bastante extenso.

- Tenho muita experiência.

- Mas não é bem a mesma coisa. Convenhamos que brincar ao Pai Natal não é o mesmo que o ser. Por exemplo já há pensou que terá que viver na Lapónia o ano inteiro?

- O ano inteiro?

- Claro que sim.

- Bem lá terá que ser. Espero que a casa tenha aquecimento porque aquilo parece frio como tudo.

- Ainda bem entrou e já está com exigências?

- Não são bem exigências... Só que não quero passar frio.

- O Pai Natal está connosco há vários anos e nunca se queixou.

- Se serve para ele serve para mim.

- Reparei que tem algum peso.

- Claro, onde já se viu um Pai Natal sem barriga.

- Por acaso estávamos a pensar revolucionar a imagem. As preocupações com a saúde e uma alimentação saudável estão a crescer e queremos tirar partido delas. A última coisa que queremos é ser acusados de influenciar as crianças a terem excesso de peso. Para além de que o prémio do seguro é inflacionado pelo número da balança.

- Então quer que eu perca tempo?

- E já agora calculo que não tenha problemas em trabalhar com animais e criaturas místicas. A última coisa que precisamos é daqueles activista dos direitos animais atrás de nós. Também tem que ser ecologista para não chatear a Greta..

- Sabe que mais? Esqueça lá isso. Deveriam estar interessados em tornar o Natal especial para as crianças e não em ecologista, activistas... Obrigada mas assim não quero o lugar.

 

Tema da semana: O Pai Natal decidiu reformar-se e as entrevistas começam esta semana. Descreve uma dessas entrevistas na perspectiva do recrutador de recursos humanos: A Rena Rudolfo.

Catarina Reis escreve aqui

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Tema #15 Silvana

25
Dez19

O Pai Natal reformou-se

A agitação imperava na Lapónia. O Pai Natal achou que era boa altura para submeter os papéis para a reforma.

Ninguém queria acreditar, mas o certo é que o Pai Natal foi para casa e comprometeu a entrega das prendas de Natal. Tinham de arranjar um substituto e depressa! Calhou à Rena Rodolfo tratar do processo de recrutamento e seleção. Já não havia muito tempo para encontrar um substituto, por isso Rodolfo optou por um recrutamento interno.

Candidataram-se elfos, gnomos e personagens do mundo da animação, mas Rodolfo sabia que não iria ter tempo para os entrevistar todos e, assim, fazer um seleção imparcial. Teria de recorrer a outros métodos.

Rodolfo tinha uma amizade antiga com o Burro do Shrek. Há uns dias tinha recebido um email do Burro a recomendar o Shrek e a explicar que ele precisava mesmo de um trabalho assim porque as despesas em casa já eram avultadas. Rodolfo decidiu dar uma mão ao amigo. Tirou ao acaso seis dos candidatos e publicou a lista…

Lista de Admitidos a concurso…

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Para cumprir protocolo, chamou Shrek à entrevista.

− Olá Shrek! Bem-vindo à Lapónia. – disse Rodolfo enquanto cumprimentava o Shrek com um encontrão de focinho. – Então, como está a Fiona e os miúdos.

− Olá Rodolfo1. Nem sei como te agradecer a mãozinha que me deste. Estou mesmo a precisar de ganhar dinheiro. A Fiona anda cansada com toda a agitação lá de casa.

− É pá não deve ser mesmo anda fácil! A vaga é tua, como sabes. O trabalho é simples. Para te facilitar as coisas aluguei o tapete ao Aladino. É mais rápido e poupamos um pouco as Renas que estão um pouco abaladas com a reforma do Pai Natal.

− Obrigadinho, Rodolfo! Sabes que odeio conduzir e, com o tapete, poderei levar o Burro ou o Gato das Botas para ajudar na distribuição.

− Olha, isso é que é uma boa ideia. Bem… não vamos perder mais tempo. Estão aqui os papéis do contrato. É só assinar. – Rodolfo entrega os papéis ao Shrek para que ele assine. – E podes começar a trabalhar imediatamente. O Natal está mesmo a chegar.

Enquanto Shrek assinava, Rodolfo começou a ouvir um grande barulho. Veio janela e disse:

− Maldito Glum… - Rodolfo virou-se para o Shrek e continuou. – Parece que vamos ter ainda mais trabalho. Os Gnomos decidiram fazer greve, e o Glum está a liderar.

 

1) Ao lerem não se esqueçam de fazer aquela vozinha típica do Shrek Português.

 

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Silvana escreve aqui

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Tema #15 Triptofano

24
Dez19

A Rena Rudolfo inspirou profundamente enquanto colocava mais uma camada de verniz endurecedor nos seus cascos. O stress dos últimos dias tinha tomado conta de si - já não dormia bem, estava sempre sem vontade de comer (o que na verdade até estava a dar jeito para abater aquelas gordurinhas extras) e o pêlo estava com um aspecto baço e muito pouco apelativo.

Tudo por causa do Pai Natal que tinha decido reformar-se.

Ou pelo menos essa era a história oficial que ele contava, que já estava velho e alquebrado e necessitava de descanso, mas Rudolfo era uma rena e não um burro, e sabia muito bem que o balofo de barbas brancas tinha assinado um contrato publicitário com a Coca-Cola e ia receber a maior parte do vencimento pela porta do cavalo, para fugir a IRS e IVA e mais uma data de impostos sanguessugas.

Com a reforma do Pai Natal era preciso encontrar um substituto, mas até aquele momento ainda não tinha aparecido nenhum candidato que preenchesse os requisitos e quisesse o trabalho pelas razões correctas.

Era verdade que já tinham aparecido pessoas de todos os tamanhos e feitios, e até o Presidente Marcelo tinha mandado a sua candidatura para o cargo, mas Rudolfo procurava aquela pessoa especial, aquela pessoa com um brilho natural, aquela pessoa que lhe fizesse dilatar o esfíncter urinário só de olhar para ela.

Mandou entrar o próximo candidato!

Era um homem lindo, careca de olhos castanhos, com um queixo quadradão e um pescoço grosso com veias salientes, que deixou Rudolfo logo sem ar, só que ele era um profissional e e sabia que havia tolerância zero na empresa para relações carnais entre renas e humanos.

Como se chama meu caro? - perguntou a Rena Rudolfo com a voz visivelmente embargada pela emoção.

Georgino Ambrósio Magalhães - respondeu o homem com um sorriso.

Diga-me, porque é que se está a candidatar ao cargo?

Sempre foi o meu sonho distribuir sorrisos e alegria e amor incondicionalmente, e este trabalho como substituto do Pai Natal é perfeito para aquilo que eu acredito ser a minha missão de vida!

E acha que todas as crianças devem receber presentes?

Todas as crianças devem ter algo no Natal, mas as bem-comportadas deverão ter algo lúdico, enquanto as mal-comportadas devem receber uma prenda educativa, de forma a perceberem que só abraçando a educação é que podem pertencer verdadeiramente à sociedade em vez de viverem à margem dela.

Rudolfo fechou os olhos deliciado. Aquilo era música para as suas orelhas. Começou a fantasiar com as cavalgadas que daria com aquele homem fantástico, a puxar o trenó e a espalhar felicidade pelo mundo.

Ainda estava com os olhos fechados quando ouviu um clique e sentiu um metal frio a fechar-se nas suas patas. Ao abrir percebeu que tinha sido algemado - será que Georgino gostava de BDSM?

Rena Rudolfo, o meu nome verdadeiro é Macário Amante, e sou investigador chefe da Polícia Judiciária. Está preso por adulterar a lista de meninos mal-comportados, aumentando-a propositadamente de forma a ficar com o excedente de brinquedos não entregues para de seguida os vender em Janeiro no OLX. Já há muito que andava atrás de si e garanto-lhe que vai passar uma boa temporada na prisão.

Rudolfo ficou sem palavras ao descobrir que as suas fantasias de cavalgar com o novo Pai Natal tinham ido por água abaixo, mas inesperadamente uma sensação de alívio invadiu-o e fê-lo sorrir.

Pelo menos naquele ano não ia ter que puxar a merda do trenó!

 

Tema da semana: O Pai Natal decidiu reformar-se e as entrevistas começam esta semana. Descreve uma dessas entrevistas na perspectiva do recrutador de recursos humanos: A Rena Rudolfo.

Triptofano escreve aqui

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