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Desafio de Escrita

Tema #10 Belinha

19
Dez19

“Já chegámos? Já chegámos?” O mundo unido numa redonda pergunta. 384.400 km. A raça humana embarcara, temerária, naquele Saturno esguio. A Águia aterraria em quatro dias, periclitante, no solo lunar.

Alheia à História que se fazia naquela noite, eu viajava no berço dos meus sonhos enquanto na imaginação mundial acordava um universo de possibilidades. Na saleta, os meus pais controlavam o sono a poder de cafés e entusiasmados cigarros, ouvidos atentos à Emissora Nacional, olhos colados na TV a preto e branco. Aproximavam-se as quatro da manhã do dia 21 de Julho de 1969, era ainda a noite de 20 nos Estados Unidos, quando demos um pequeno passo no regolito lunar e nos lançamos no salto gigantesco que um dia, ainda longe, há-de resgatar a humanidade da sua extinção. Fomos em paz e em nome de todos. O mundo unido numa redonda conquista. Nunca fôramos tão grandes.

O educador Charles Morton escreveu no séc. XVII um tratado sobre a migração das aves no qual defendeu que no Inverno elas voavam até à Lua, regressando depois na Primavera. Estimou que a distância a percorrer fosse de 179,712 milhas e que elas demorariam 60 dias a chegar lá a 125 milhas por hora. Se desapareciam da paisagem, para onde poderiam elas ir senão para a Lua?

Vi um fuselo na praia a comer avidamente. Está de passagem. As aves migram desde tempos ancestrais para fugir de ameaças à sua sobrevivência. Regressam ao local de partida, na estação seguinte, para acasalar e cuidar das crias. Os fuselos dispensam qualquer foguetão. Preparam-se para viajar acumulando enormes reservas de gordura: é o combustível. Mais de metade do seu peso é gordura. À medida que engordam, os músculos peitorais e as patas também crescem. Batem as asas durante a maior parte da viagem. Além da força muscular, os fuselos também tiram partido do vento embora não planem. Orientam-se pela sua misteriosa “bússola interna”: tecnologia de ponta. É bem possível que dormitem enquanto voam, quem sabe se não sonharão com uma viagem à Lua!

Em 2007, um fuselo fêmea, uma ave com apenas 40 cm de comprimento e 80 de envergadura, percorreu 11.570 km, um voo de 8 dias, sem escalas. Partiu de um estuário no Alasca e alcançou a costa da Nova Zelândia, uma distância equivalente a ¼ da circunferência da Terra.

 

Tema da semana: Já chegamos? Já chegamos?

Belinha Fernandes escreve aqui

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Tema #10 Osapo

28
Nov19

A curvááá e a contracurvááá …

Já chegamos? Já chegamos?”, pergunta a miúda pela décima segunda vez, sempre com sotaque do norte em que carrega bem nos “a” e nos “os” parecendo “ús “ e prolongando as palavras, do género “jááá chegámúúúúúúúúúús???”.

Estamos quase quase”, respondo com o último fio de paciência que me restava e já em modo pré-desespero.

A minha sobrinha, de 6 aninhos, estava entusiasmada com o passeio ao Bom Jesus de Braga que não conhecia. Vive em Barcelos, terra dos galos portugueses, a 20 quilómetros, mais coisa menos coisa.

A viagem foi um manancial de perguntas, expressões e comentários. Mas teve, como sempre, episódios bem engraçados.

Pelo caminho expliquei-lhe que as curvas e contracurvas se devem ao engenheiro inglês (tinha que ser um engenheiro, pois tá claro) que a construiu aos “esses”.

O que é uma contracurvááá?” perguntou.

Disse-lhe “A curva é num sentido e uma contracurva em sentido contrário. Se soubesses o que é um blog, percebias que uma contracurva é como o desafio dos pássaros. Sempre aos esses sem saber por onde ir, nem sabendo onde chegar”.

Ela, impaciente de conhecimento, disse sem medos “Este inglês era muitúúú parvúúúúú. Quais pássarúúúúús?”.

O pássaro culpado é uma tal de caracol”, respondo. Gargalhando diz-me “Um caracol não é pássarúúú!”.

É cada tema e contratema que só voando mesmo. Isso ou produto a mais e tabaco a menos. Possas!”, exclamei.

Não respondeu mas ouvi o grito assustado “Naum vai cabéééreee”. Logo depois de passarmos por baixo do viaduto do elevador atira suspirando “Cabeúúú possasss!”.

Quando chegamos mostrei-lhe a igreja e contei-lhe algumas das coisas sobre a sua história que tinha lido na Wikipedia.

Expliquei-lhe que o Bom Jesus era um Santuário, tem uma escadaria com mais de 500 degraus e que muitas pessoas cumpriam promessas subindo pelas escadas, lá de baixo até cá acima.

Mostrei-lhe o elevador que sobe mais de cem metros de altura, paralelamente à escadaria, e usa a água das fontes para descer e subir.

Descemos alguns degraus para ver a vista. Não parava de olhar. Ora para a igreja, ora para a cidade espraiada lá em baixo.

De repente um bêbado, que tínhamos visto lá em cima, dá um trambolhão e começa a descer pelas escadas abaixo, rolando degrau a degrau.

Passa por nós que, sem qualquer reação, ficamos a olhar. Parou alguns degraus abaixo.

A Matilde olha-me e pergunta de olhos bem abertos “É uma contrapromessááá tiúúú Jácintúúúúúú?”.

 

Tema da semana: Já chegamos? Já chegamos? 

Osapo escreve aqui

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Tema #10 Triptofano

27
Nov19

Os primeiros raios de sol aqueciam o interior da bucólica viatura que deslizava pelo asfalto, dando um ar quase que divino aos caracóis louros que emolduravam a cara angelical daquele miudito de cinco anos.

Já chegámos? Já chegámos?

As palavras saídas de uma boca tão docemente delicada espantavam pelo tom de maturidade imbuído nelas, como se houvesse uma alma ancestral a habitar naquele pueril corpo que tivesse encontrado nos vocábulos a melhor forma de se expressar.

Norberto olhou pelo espelho retrovisor fazendo contacto visual com o filho, observando deliciado cada centímetro quadrado daquela criatura que era uma extensão dele, aquela amostra de pessoa que segurava ternamente mas com toda a força do seu pequeno ser um grande ramo de astromélias com tons dourados.

Já chegámos? Já chegámos?

Talvez outro pai já tivesse dado um par de berros mediante tamanha insatisfação inquisitória, mas Norberto simplesmentou voltou a estabelecer contacto visual e a sorrir.

O filho tinha sido diagnosticado com uma variedade de hiperactividade que nem os médicos souberam explicar, mas para ele tudo devia-se ao facto da mãe o ter abandonado há um ano.

Os ter abandonado, porque também Norberto se viu de um momento para o outro, sem aviso prévio ou carta registada, sozinho com uma criança para criar.

Aquelas viagens de carro, que pai e filho faziam juntos, custavam-lhe horrores, mas tinha decidido que para o bem estar da criança faria o seu melhor para manter o contacto entre ela e a progenitora.

Nesses dias, Norberto aumentava a dose dos comprimidos que comprava na farmácia da esquina sempre mediante a apresentação do cartão de cidadão para tornar a jornada o mais tolerável possível!

Já chegámos!!!!!!

O carro deteve-se perante um portão enferrujado escancarado, como a convidar todos a entrar, e o garotito dos caracóis dourados, com inesperada habilidade, abriu a porta do carro e, com o ramo de flores bem seguro na mão como se fosse o seu maior tesouro, correu à procura da mãe.

Norberto deteve-se mais alguns instantes dentro da viatura. Colocou os óculos de sol que guardava no porta-luvas e preparou-se para o encontro.

Sabia que iria chorar de saudades por aquela mulher que lhe tinha dado tantas esperanças de um futuro e de um momento para o outro o fizera ficar sem nada, mas não queria que isso perturbasse o filho.

Passou o portão e procurou com os olhos a figura angelical daquele pedaço de gente, daquela memória, eternamente enclausurada nos genes, da mulher que mais amara na vida. Pelo chão meia dúzia de astromélias reflectiam o sol da manhã, perdidas no entusiasmo do reencontro.

E ali, a meia dúzia de metros, o filho repousava a inocência do seu corpo no frio da laje de cimento do túmulo da mãe, tagarelando com um sorriso acerca das aventuras dos primeiros dias de escola.

*

João não conseguiu evitar fungar compulsivamente quando leu as últimas frases daquele livro. Apesar do seu metro e noventa todo ele era uma mistura de soluços e lágrimas e ranho quando lia aquelas histórias tão tristes, como era a de Norberto e do seu filhinho órfão! 

Pegou num lenço perdido entre os invólucros brutalmente assassinados dos chocolates de leite com avelãs e assoou-se ruidosamente!

Célia querida - disse dirigindo-se à mulher que estava na outra ponta do sofá - tens que ler este livro! A história é tão triste que acho que vou ficar desidratado de tanto chorar!

Célia sorriu insipidamente para o marido durante uma milésima de segundo, voltando a embrenhar-se na pesquisa que estava a fazer no telemóvel.

Tinha recebido uma proposta extremamente tentadora a nível monetário de um novo cliente, o problema é que ele queria uma forte componente de coprofilia, algo que Célia nunca tinha sequer imaginado fazer.

Problemas, só problemas...

Tema da semana: Já chegamos? Já chegamos? 

Triptofano escreve aqui

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Tema #10 Peixe Frito

24
Nov19

Eu pensava que era só eu que era assim quando era pequena, que estava várias vezes sempre a torrar o juízo a perguntar aos meus pais coisas como: "quando vamos comer?" "quando vamos embora? " e é claro, o mítico "já chegamos?", mas afinal, não. Há quem me tenha destronado a alto nível.

A situação mais conhecida da família é a do piolho aka lagartixa aka mano da cú rabinho pequeno, quando íamos todos de viagem em família, de férias. O sacana do rapaz ia a ferver batatas, coser arroz, serrar lenha durante todo o caminho. Todo. Ia com a bela da almofada ao pé dele e vai de roncar desalmadamente, que nem um porco em um batatal. Sempre que acordava nos entremeios de algumas paragens que fazíamos, era logo: Já chegamos? Já chegamos?

- Não... ainda não.

E lá se voltava ele para o lado, a babar a almofada. Ele é que a sabia bem, dormir toda a viagem e chegava chato e de pilha carregada tipo piolho eléctrico fresco e fofo ao destino. Já eu, dormir está de gesso. Em miúda também levava a almofadita mas não conseguia pregar olho. Não que não confiasse na condução do pai Adamastor, mas é mesmo assim, eu só relaxo no destino.

Comigo, a piada é outra. É a de estarmos a ver um jogo de futebol no grandioso Estoril Praia, se acabarem as bebidas, pipocas, sandes, o que for que havia para ratar e a Peixa dizer: Ainda falta muito para irmos embora?

Mas enquanto havia comes e bebes, estava ela descansada, a retraçar tudo.

E que têm o título a ver? Nada. E assim é a magia da vida 

 

Tema da semana: Já chegamos? Já chegamos? 

Peixe Frito escreve aqui

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Tema #10 Happy

21
Nov19

Estou sonolenta. Apesar da companhia, a minha cabeça vai pendendo e luto contra a vontade de fechar os olhos. Faltam só 40km e depois posso passar o volante ao João.

Não percebo como cheguei ao final da semana com tal exaustão. Aliás, até sei. Porque o meu corpo ainda não se habituou ao horário de inverno e acordo todos os dias (ou direi todas as noites?), assim que a aurora desponta.

Chegada a Lisboa, calhando troco de lugar para poder descansar no banco de trás. Ainda será uma estopada até lá acima.

Vou a matutar neste problemão que criou e ganhou raízes na minha cabeça. Só já consigo visualizar-me no banco de trás, com uma almofada (nota mental para não me esquecer de a retirar do porta-bagagem) e não aqui com a rodinha na mão e os pés nos pedais. O volante, apesar de ser um carro de direcção assistida, pesa toneladas. Eu sei que os últimos quilómetros são sempre os mais perigosos quando estamos com sono. Alerto os meus companheiros de viagem para esse tópico e começamos a falar de coisas ligeiramente mais interessantes.

A partir de Lisboa o João leva o carro e eu salto literalmente para o banco de trás! Demoro um bocadinho a adormecer. E com o carro cheio, vou acordando aqui ou ali. Já chegámos? Já chegámos? Eu sei que pareço um miúdo, mas amanhã vou dar aulas o dia todo e antecipo já o prazer de chegar a uma cama feita de lavado!

Uma história a prever o que vai acontecer mais logo na viagem para cima...

Tema da semana: Já chegamos? Já chegamos? 

Happy escreve aqui

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Tema #10 Outra

21
Nov19

Verão de 2014. Era a segunda vez que organizávamos a nossa viagem de férias todos juntos. 6 amigos que tinham sido muito felizes o ano anterior numas férias nas ilhas canárias.
Gostamos de praia. Fazer o quê? E de hotéis com tudo incluído. Tardes de piscina e copos e conversas, ora sérias, ora parvas.
Mas não íamos repetir o destino. Por coincidência um amigo casaria em Lisboa, pelas mesmas datas. Então, porque não juntar as duas coisas? 
Assim foi. Para poder conseguir tudo aos melhores preços (que a malta das ilhas paga caro para sair) reservei tudo num site daqueles que agregam tudo: voos, hotéis, transferes… e aqui está o busílis da questão…
Como a malta é poupadinha, optei pelo transfere mais barato. 
Autocarro. Partilhado por muitas outras pessoas que iam para outros hotéis em Palma. Se em Canárias aquilo demora uma hora e pouco, em Palma não poderia demorar muito mais. Pois… só que escolhemos um hotel da cadeia RIU, porque era o que já conhecíamos… e então achámos por bem 
não arriscar outro.
O autocarro estava cheio. Uma hora depois olhávamos uns para os outros: Já chegamos? Parece que ainda não. Duas horas depois e ainda sem ter deixado nenhum passageiro em nenhum hotel … Já chegamos? Ao fim de duas horas e meia lá começamos a deixar gente… em hotéis. Fazíamos com cada desvio. Bem, a coisa começava mal. Mas também… não poderia faltar assim tanto, pois não? Três horas. Já chegamos? Será que nos enganamos? Não pode ser, tinham lá o nosso nome… Quatro horas. Já chegamos? Mas afinal vamos dar a volta à ilha para chegar ao hotel? 
Cinco horas, cinco horas. Já chegamos? Já chegamos? Finalmente chegamos.
Mas porque não se vê logo o hotel? Que fim de mundo. Andamos mais um bocado, já depois de ver a placa. Casas pequenas de um lado e de outro. Era isto o hotel. Já chegamos? Já chegamos? Ufa ao menos ali está a receção. E que casas nos deram? Umas que ficavam bem no topo do empreendimento, longe da receção. Arrastamos as malas todos rabugentos uns com os outros e eu desejosa de desaparecer… afinal era eu que tinha reservado… sem sequer ver o tempo que  demorava o raio do transfere. Já chegamos? Já chegamos? Ah , parece que são ali. Entramos… porra tinha de me calhar o quarto com a cama partida?? Mas ao menos já chegamos! E no fim as férias foram como sempre quando estamos com amigos. Ótimas!

Tema da semana: Já chegamos? Já chegamos? 

Outra escreve aqui

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Tema #10 Pó de Arroz

20
Nov19

As viagens em família são sempre uma animação. Com crianças pequenas então nem se fala. Estão sempre ansiosas por chegar. É típico ouvir a pergunta: - Já chegámos?, mais  10.998 vezes durante o caminho. É claro que os meus filhos não são diferentes dos demais. Confesso que por vezes me falta a paciência. Mas agora, que tenho de pensar neste assunto, chego a conclusão que é amoroso e delicioso. Nós adultos, deveríamos manter esta inocência e curiosidade em tudo e aproveitar mais a vida. Divertirmos mais durante a viagem e não vivermos tão obcecados com a chegada ao destino final. Nem a propósito, hoje no caminho para a escola, o meu filho ia a ouvir o CD do seu herói favorito, o Capitão Miau Miau. E a música final era mesmo sobre este tema, o fim da aventura foi igual ao inicio... mas o caminho que fizeram até chegar à fonte dos desejos foi nada mais, nada menos, que colocar em movimento a realização dos seus sonhos!

Tema da semana: Já chegamos? Já chegamos? 

Pó de Arroz escreve aqui

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Tema #10 A Gorda

20
Nov19

A Clotilde mete-se em cambalaiches e depois só m’arranja publemas.

Arranjou maneira de ser madrinha de uma ranhosa de uma miúda e como se não bastasse dar-lhe um boneco caro no Natal e nos anos para parecer boa pessoa, quis criar laços.

A piolhosa foi lá passar o fim de semana a casa, mas rebentou uma conduta qualquer na fábrica das compotas e a quem é que a Clotilde liga para ficar com a chavala?!

- Tá bem Clotilde! Traz a ranhosa que amanhã entrego a encomenda à mãe.

Aparece-me cá em casa com a ramelosa ainda a dormir. Sacanas dos putos parecem tão fofinhos nas fotografias, mas depois são com cada grunho que a gente nem imagina. Pesava como uma rocha e ressonou toda a noite. Eu pensei cá para comigo “filha d’uma ganda porca, parece que tem uma metralhadora penca adentre”.

Mal dormi toda a noite e quando estava quase a pregar olho aparece-me a grunha ao pé da cama.

- Tenho fome.

- Tens fome vai comer!

Mas ca raio, parece que é assim meio lerda.

- Não sei onde está a comida.

- Nos armários.

Tive de me levantar. Ca raio faz no planeta um ser humano que não sabe usar um papo-seco e uma torradeira?

- Já comestes?

- Já.

- Atão e a coida?

- É muito dura.

- Mas tiveste a roê-la com as gengivas? Já tens dentes não tens?

- Tenho.

- Então?

Começou a chorar e eu pensei “deixa-me cá vestir a piolhosa e ir leva-la a quem a trouxe ao mundo”.

Antes de entrarmos para o carro disse-lhe logo:

- Eu já sei que a tua gente está sempre a fazer perguntas. Quero-te calada porque faltam 10 quilhometres. Percebestes?

- Sim.

- Boa.

- Então, mas ainda falta muito?

- Ainda não arrancames e eu disse-te que faltam 10 quilhometres.

- Eu não sei o que são quilhometres.

- Não andas na escola?

- Ando.

- Atão fazes lá o quê?

- Estou a aprender a escrever.

- Falta mais ou menos meia hora.

- Quanto é meia hora?

- São 30 minutes.

- Então já chegámos? Já chegámos?

- Tu és meio atrasada ou quê? Ainda não arrancámes.

- Não se diz isso às crianças.

- Não se diz se elas não forem. Agora cala-te que eu gosto de pouco barulho pa ouvir os piscas.

Tema da semana: Já chegamos? Já chegamos? 

A Gorda escreve aqui

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Tema #10 Miss X

20
Nov19

mixx x.png

Já chegámos?

E tu, já chegaste?

Aonde?

Não sei.

Onde é o aonde?

Onde quiseres.

Tens um mapa? Direcções?

Não.

Se não sabes para onde vais, nunca chegarás.

Chegar aonde?

Não sei. Tu sabes?

Não o sabendo talvez chegue mais depressa.

Já chegámos?

 

 

Tema da semana: Já chegamos? Já chegamos?

Miss X escreve aqui

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Tema #10 Fátima Cordeiro

20
Nov19

Intervenção da narradora-autora: Como podemos ver ao longo dos últimos episódios desta história, aquele dia em que Guillaume e Guilherme foram tomar mais de dez cervejas mudou a vida de três personagens: Guillaume, Guilherme e Matilde (a esposa de Guilherme).

Uma semana se passou. Guillaume conheceu a região onde daquela cidade do Litoral que muita gente pensa que fica no Interior. Guilherme que tinha um colega homossexual com quem gozava, deixou esse comportamento. Matilde continuou a ter os seus sonhos com o Frankenstein boticário, uns eróticos outros não, mas decidiu aceitar o convite de Guilherme para passarem um fim-de-semana fora de casa. E foi o que aconteceu. Foram até uma cidade portuguesa situada ao Norte de Portugal, conhecida como a "Cidade dos Arcebispos", de expresso.

O expresso demorou quatro horas a chegar. Guilherme e Matilde ficaram cansados só daí. Quando chegaram começaram a procurar o hotel onde iriam ficar. Ai complicou-se. Andaram às voltas na cidade. Todos lhe indicavam uma direcção diferente. Matilde começou a sentir-se ansiosa.

Matilde: Já chegamos? Já chegamos?

 

Tema da semana: Já chegamos? Já chegamos?

Fátima Cordeiro escreve aqui

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