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Desafio de Escrita

Tema 1 - Maria

11
Mai21

Na verdade, cada um tem a sua história e ninguém sabe o que lá vai dentro. Mas foi isso que aconteceu.

Mas matou-se mesmo?

Sim. Matou-se. E temos todo um lugar em consternação. Primeiro ninguém supôs quem tivesse sido, depois a trágica notícia caiu que nem uma bomba para todos os que a conheciam.

Ainda estamos parvos. Qual seria a razão para tal?

É fácil criar burburinhos depois de as coisas acontecerem. Principalmente sobre alguém que jamais se imaginasse que tivesse esse desfecho... aparentemente tudo estava bem. Boa família. Vida organizada. Mas aconteceu... Até à hora, diz-se, fez a sua vidinha normal, foi aos sítios onde tinha marcado ir, esteve com quem tinha combinado, mas depois parece que disse vou ali e já venho...

Seria depressão?

Pois... aquela doença que tanta gente luta e que por quem passa ao lado não acredita, desvaloriza... há até quem diga que são manias. Lamentável! Mas na verdade pode ter sido. É claro que isto são suposições, e sabes como é o diz que disse... mas não querendo acrescentar mais um ponto pode muito bem ter sido isso. Parece que nunca tinha falado em tal, mas se calhar lá dentro já era algo que podia estar na cabeça dela. Ou então foi um acto irreflectido.

Assim do nada?

Como assim do nada? Uma pessoa de fora nunca sabe se é assim do nada. Cada um tem a sua história e só a pessoa sabe o que lá vai dentro. Podemos supor o que quer que seja. Pode inventar-se mil e duas coisas. Pode até não se perceber de todo. Mas só a pessoa saberá o que a levou a tal passo. O que a fez achar que seria a melhor opção. Ou a única vá.

- Acabar com a própria vida nunca é a melhor opção!

Mas isso é o que pensamos quando estamos cientes disto que é especial - viver. E quando não estás? Vivemos tempos difíceis psicologicamente. E com certeza há muitas pessoas que precisam de ajuda e que não chegam sequer a pedir. É importante trabalhar isso. É importante partilhar mais a mensagem que há tratamentos, ajuda psicológica e a sociedade tem que estar mais receptiva nisso. Em olhar mais o outro. Em não desvalorizar quem pode estar a sofrer muito com isso e a incentivar qualquer pessoa a ter a coragem de aceitar o que lhe está a acontecer e que há quem lhe possa dar a mão.

Mas vai na volta não foi disso. Não posso confirmar. Sabes como é.

A Maria escreve aqui

Tema 1 - Sam ao Luar

11
Mai21

Foram sempre poucos minutos que valeram por muitas horas.

Ouço a sua voz como quem murmura coisas bonitas, cheias de promessas.

Inspiro e expiro lentamente, o ar que entra já não chega...

 

O nosso olhar que se cruza e o meu tempo que pára.

 

“Queres ser feliz comigo?” - foi o que os olhos disseram.

Um espaço entre nós que encurta. O barulho de fundo que se derrete.

E a mente vagueia para longe. Percorre em mim um arrepio e um desejo.

 

Ouço a nossa respiração alterada. O meu coração a bater forte.

“Um momento, por favor, que já volto”. A esperança, rapidamente, que se desfaz.

“Vamos ver o mundo, só nós?”

Isso, não o disse mas foi... o que tenho a certeza que quis dizer.

 Participante sem blogue 

 

Tema 1 - Gaivota Azul

10
Mai21

Numa noite de inverno,

promessas de algo eterno.

Junto à lareira a crepitar, 

senti o coração palpitar.

Enquanto isso, lá fora o vento uivava

e a chuva, solidária, cantava.

 

Na manta que me aconchegava,

em lembranças navegava.

Eram ternas as palavras

que ao ouvido sussurraras.

Sentimentos outrora velados,

segredos agora desvendados.

 

Rompia a aurora, o lume adormecia.

Ao longe um galo cantava,

enquanto um cão ladrava.

E na torre da igreja batia,

anunciado a alvorada,

o sino da abadia.

 

Vencida a preguiça,

era hora do torpor abandonar.

A chuva já parara,

por entre as nuvens o sol despontara.

Saí para caminhar,

sentir a vida a acordar.

 

Eram vozes abafadas, sonoras gargalhadas

que de uma janela me chegavam.

Eram risos cristalinos, de espíritos vespertinos,

que noite após noite se entregavam.

Eram pássaros a chilrear e gatos a ronronar,

Crianças a brincar e idosos a conversar.

 

Enquanto por ali andei, tudo isto escutei.

Já o sol ia alto, quando finalmente me deitei...

Mantive a janela aberta, para o som deixar entrar,

Qual canção de embalar, deixei-me pelo sonho navegar.

Gaivota Azul escreve aqui.

 

Tema 1 - Biiyue

10
Mai21

 

Cada viagem era uma nova descoberta, uma nova aventura. Aprofundar mais o conhecimento, ver e ouvir o que fosse necessário. Fosse por breves minutos ou ficasse completamente absorvida num mundo novo e sem explicação. A sensação de estar a flutuar, fora do corpo, numa outra dimensão, em contacto com à sua família espiritual. As mensagens com e sem sentido, estar tão presente no momento, a interação com o totem e guias, as memórias a emergir. 

Todo esse conhecimento sem explicação vinha à superfície durante as suas consultas, quer fossem imagens, frases, sentimentos, sensações no corpo. Todos os sentidos eram usados, ouvia e transmitia, via e falava, sentia e descrevia.

Felicidade, um sentimento de sentir-se completa, ser um canal, ser inundada por gratidão. não estar sozinha apesar de sentir a solidão. 

A Biiyue escreve aqui.

Tema 1 - Cátia Madeira

09
Mai21

- Artur Etelvino da Fonseca Matos, desce já dessa estante antes que eu te espete com uma lamparina nas ventas. – gritou Cinderela da cozinha enquanto se esforçava por conter a água fervente que vertia uma espécie de gosma, como se um vulcão em tons de branco sujo se esforçasse por escagaçar o fogão todo. Cinderela, antes donzela bem-parecida, agora mãe cansada a tempo inteiro, estava a tirar do nariz do filho mais novo um berlinde, tendo-se esquecido completamente de que tinha um tacho ao lume.

Artur desceu da estante sem partir nada, mantendo inclusivamente os ossos e dentes intactos, o que, parecendo um exagero da narradora, demonstrou ser uma verdadeira proeza para o petiz que, no espectro da sua fofice, era um exímio profissional do desembestamento.

Cinderela olhou para a casa e ocorreu-lhe apenas a simples frase: um dia passo-me dos cornos.

Brinquedos fora do lugar. O cesto da roupa que aparentava vomitar calças de fato de treino e peúgas com desenhos amarelecidos dos dedos que as tinham calçado. Os miúdos que corriam e batiam contra os móveis. Praticamente selvagens que nem as regras da natureza respeitavam. Cinderela recordava-se de ter visto um documentário sobre hienas onde as crias copiavam os comportamentos da progenitora, respeitando a sua posição. Mas aquelas, as suas, só podiam sair ao pateta do pai.  

Olhou-se ao espelho, a beleza ainda lá estava, mesmo que mais baça, adornada de olheiras fundas e cabelos que não viam escova.

A campainha tocou e apareceu o sapo Jacinto. Tinha ido à cidade para entregar uns documentos nas finanças com vista a pedir uma extensão de prazo no pagamento do IVA, aquele episódio com moscas moleironas afastou muitos clientes do restaurante e as contas andavam pela hora da morte. Quando passou à porta da casa de Cinderela achou que poderia dar um olá à amiga, beber um café e tirar mais alguns nabos da púcara. Afinal de contas, quando um anfíbio se põe à coca numa fila, pode chegar à sua senha com muitas pontas soltas.

- Então Cindy como é que vai isso? Andava pelas redondezas e vim fazer-te uma visita e matar saudades das nossas conversas e dos teus anjos. É sempre um gosto estar convosco. – Jacinto ia falando enquanto entrava e pousava o chapéu no bengaleiro. Falava devagar e olhava à volta, num misto de espanto e susto. A casa estava de pernas para o ar, dois dos miúdos corriam desenfreados pela casa e o terceiro estava ao colo da mãe, que trazia um cigarro por acender no canto do lábio.

- Põe-te à vontade, vou pousar este no parque e fazer um café. MENINOS, VENHAR DAR UM BEIJINHO AO VOSSO TIO JACINTO! – virou costas, tirou o tacho do lume e ligou a máquina de café.

Jacinto esperou que Cinderela se sentasse, acedesse o cigarro e desse a tão necessária passa.

- Sabes com quem estive à conversa esta manhã? Vê bem que encontrei a cunhada da irmã do Válter. Como é que ele anda?

A Cátia escreve aqui.

Tema 1 - Ana de Deus

";Foi o que ouv" - Com base nesta frase, desenvolve um texto onde a mesma esteja implícita

09
Mai21

David e Francisca queriam viver juntos mas, sem casamento, não tinham o apoio dos pais e muito menos dos avós! mas que escandaleira! imaginem quando voltassem de férias para a aldeia o tititi com que seriam recebidos! a vergonha com que a ausência de casamento difamaria a honra da família. nem pensar! já imaginavam o chocalhar de ossos no túmulo dos antepassados. uma tragédia grega fustigaria as gerações futuras.

cansados do drama, acederam à boda. mas só com notário! estavam determinados. o lugar do pároco era apenas na lista de convidados. os pais nem tentaram negociar e os avós contentaram-se. mas o vestido tinha de ser bem cingido, avisaram as comadres, para não haver dúvida que a noiva não está grávida. Francisca revirava os olhos perante as "tradições". por cada imposição que lhes faziam os dois jovens devolviam na mesma moeda.

o vestido seria branco e cingido mas com uma racha até à coxa, para abrirem o baile com um tango. David vestiria smoking preto e branco, com uma rosa vermelha na lapela. Francisca levaria presa ao cabelo uma rosa vermelha, que segurava um véu preto, em malha larga, que ficava pelo nariz. tinham-se conhecido nas danças de salão, que adoravam, o professor dissera que tinham uma química especial, desde então eram o par um do outro.

nenhum dos dois estava interessado em provar os menús propostos pelas avós pois ambos eram vegetarianos, tal como a maioria dos seus amigos. com desapego convidaram os amigos para testarem o seu serviço de catering preferido, reservando uma das salas do restaurante só para eles. e, durante a sobremesa, disseram que aquele serão era a maneira deles os convidarem para a boda, mas que nenhum era obrigado a aceitar. a maioria disse logo que sim.

todos faziam questão de estar presentes, só para verem a aldeia boquiaberta. é verdade que vão inaugurar o baile com um tango? como sabem!? Francisca e David estavam felizes por poderem partilhar aquele dia com a sua família de afectos. na manhã seguinte, logo ao raiar do dia, ligaram às comadres para estas acrescentarem mesas para mais sessenta convidados e contratarem uma educadora de infância para cuidar das crianças.

as mães disseram que as raparigas da aldeia o podiam fazer. Francisca disse que sim, que poderiam dar apoio à educadora de infância que elas iam contratar e despediu-se. não era negociável. não podiam ser amigas suas pois seria uma maldade convidá-las para a boda para se divertirem, só que não, e ocupar-lhes o tempo com trabalho. perguntou às amigas com crianças quem é que costumavam contratar para as festas.

de seguida ligou à mãe com os contactos de duas palhaços que eram educadoras de infância que tinham encontrado um nicho em que se sentiam realizadas. mãe e filha gostaram da ideia até David dizer, em alta voz, para recusar o número de pirotecnia. a mãe riu e desligou a chamada. onde é que ouviste semelhante disparate!? Francisca indagou estupefacta. David limitou-se a encolher os ombros.

 

A Ana de Deus escreve aqui.

 

Tema 1 - Fatia Mor

08
Mai21

- “Como está, D. Maria?” – perguntou enquanto passava sob a alçada da janela.

- “Ai D. Laurinda, para pior antes assim… sabe como é, a idade não perdoa ninguém e as minhas 80 primaveras… Ah! Essas já ninguém mas tira!”

Não havia dia em que D. Maria não estivesse pendurada no beiral da sua janela, a auscultar as movimentações do bairro. Laurinda tentava sempre passar ao lado das inconfidências da vizinha. Mas desde o que o seu Manel se finara – Deus o tenha – que ela se divertia em trocar duas de letra, na viagem entre o pão e o apanhar do peixe na praça. Na verdade, não havia muito mais a fazer…

- “E novidades, D. Maria?” – interrogou, desinteressadamente.

- “Não sou de intrigas, sabe, mas ali no centro de dia – Deus proíba que me vá lá enfiar – chegou homem novo. Ainda não reparou na fila para o cabeleireiro? Olhe que não é só desconfinamento. Atente no que eu lhe digo… É só velhas viúvas gaiteiras.”

- “Não diga isso D. Maria, olhe que quem desdenha quer comprar!”

- “Lá agora! Aturar homens? Ai! Já me chega. Mas dizem, não sei, olhe que estou a vender como comprei, que é recheado de papel. E que os filhos estão todos orientados. Talvez… Não sei, para si, que estava habituada a ser bem tratada, não digo nada… Mas dê lá um olhinho e depois vem-me cá contar!”

Laurinda despediu-se com um aceno de cabeça e seguiu. Lá estava, a fila do cabeleireiro, a D. Gertrudes a experimentar uma moda nova no bazar lá do mercado e acabou a fazer ouvidos grandes à conversa que se travava mesmo ali, à sua frente, entre duas habituais compradoras de jaquinzinhos-para-fritar…

- “Vê tu bem, que ainda ninguém o caçou! E que rico homem que é!”

Naquele momento, por impulso, rodou nos calcanhares e desistiu de comprar o peixe. Voltou para casa por caminho obscuros, incógnita. Entrou de rompante, com energia de outrora, atirou com os sacos para o chão, voou para o armário, escolheu um vestido leve, penteou o cabelo, maquilhou os olhos tanto quanto a sua falta de vista lhe permitiu e saiu, confiante, até ao Centro de Dia.

Vi-o logo que chegou, mas manteve-se à distância. O truque seria ele querê-la e não o inverso. Não iria oferecer-se à dança, como todas as outras. Mas as horas passaram afoitas e Arlindo, anunciado a sua caminhada de fim de dia e acenando ao séquito que suspirava pelo seu fato bege, colete castanho e camisa aprumada, saiu ágil e descomprometido.

Laurinda não se conformou e seguiu-o, a pé. Fizeram curvas e contracurvas até chegarem a um motel perverso, com letras garrafais vermelhas, mal iluminado, perdido na penumbra dos limites da cidade, onde ele se fazia esperar. Laurinda olhou-o com assombro pela janela, enquanto o via afogar-se, já seminu, nos braços do Cláudio do café…

No dia seguinte, recomposta da tristeza, passou debaixo da sacada da vizinha.

- “Então D. Laurinda, tem novidades para mim?”

- “Ai D. Maria… Antes tivesse. Não sou de intrigas, mas disse-me um passarinho, que afinal o homem – e baixou a voz em tom de inconfidência – só tira bicas… com a boca!”

 

A Fatia Mor escreve aqui

Tema 1 - Drama Queen

"Foi o que ouvi" - Com base nesta frase, desenvolve um texto onde a mesma esteja i

08
Mai21
Mais um dia no escritório, junto a Secretária das Lamentações onde pacientemente está uma pobre alma ouvir todas as queixas reclamações e outros queixumes, de todos e de todas as pessoas que por lá param mas também a música de um pequeno rádio.

— Tu não sabes que Maria Matilde contou?

— O que ela te contou…

— Tu ainda não sabes, não é possível seres a última a sabe, tu sabes tudo o que se passa aqui dentro.

— Mas não sei o que se passa fora daqui…

— A Joaquina Albertina tem namorado novo…

— Mas ainda há uns dias pariu um filho do rapaz que estava, já tem outro…

— Só estou vendendo o peixe como comprei.

— O Patrão chegou, vai lá a tua vida… Se nos (apanha) na conversa já sabes que vamos ouvir um sermão.

 

A DramaQueen escreve aqui.

Participantes 3.0

07
Mai21

Perdoem o lapso, varreu-se-me a utilidade desta lista: 

 

Ana Deus escreve aqui

Ana Mestre escreve aqui.

Biiyue escreve aqui.

Caracol escreve aqui

Carla escreve aqui.

Cátia Madeira escreve aqui.

Charneca em Flor escreve aqui.

Dona Redonda escreve aqui.

Drama escreve aqui.

Di escreve aqui.

Fatia escreve aqui.

Gaivota Azul escreve aqui.

I'm Silva escreve aqui.

Introvertida escreve aqui.

José da Xã escreve aqui

Lara escreve aqui.

Lu escreve aqui.

Maria escreve aqui.

Maria Araújo escreve aqui.

Marta escreve aqui.

Mariana escreve aqui. 

Miúda escreve aqui.

Miss Lollipop escreve aqui.

Mónica Morais escreve aqui.

Rita escreve aqui

Sam ao Luar  escreve aqui.

Totó escreve aqui.

 

 

(A lista poderá ser actualizada à medida que nos cheguem mais participantes. Já sabem que o nosso lema é: a tempo, sempre a tempo. Se não era, passa ser. =)

Desafio dos Pássaros 3.0 - Tema 2

07
Mai21

Depois de ouvirmos dizer muita coisa bonita por aqui, chega a altura de pensar nas palavras para a quinzena que se avizinha. Sem mais delongas: 

 

Afinal havia outro... Fogão.

 

Desenvolve o tema, em prosa ou em verso, nunca com menos de 100 palavras nem mais de 500 e sempre em língua pura lusitana. 

Acima de tudo, não esqueças o mais importante: diverte-te. Ah, e leva um casaquinho pelas costas que dão chuva para a próxima semana. 

Relembro só a data de publicação: 21 de maio, pelas 15:00. 

Boas escritas! 

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