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Desafio de Escrita

Tema #2.2 - Maria Araújo

08
Fev20

Os médicos tratam da nossa saúde.
Se algo nos dói, procuramos conhecer a sua causa.
Contudo, se elas nem são complicadas como pensamos que são, quando nos é dado um diagnóstico e fazemos os respectivos exames, mesmo que os resultados sejam normais, alguns gostam de puxar a brasa à sua sardinha e tratam de dizer ao paciente:
"Ah, e tal, a cirugia iria resolver isso. Um paciente meu foi operado num dia, no dia seguinte estava na cama do hospital a trabalhar no computador" ( estou "falando" de hospitais privados).
Eu até confio neles ( alguns) e, por vezes, o meu feeling leva-me a isso. Mas quando a conversa vai no sentido " da faca", penso de imediato numa segunda opinião.
É que isso de médicos, nunca fiando.
Aconteceu comigo no verão passado.

 

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Tema da semana: É que isto de médicos, nunca fiando

Maria Araújo escreve aqui

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Tema #2.2 - Biiyue

08
Fev20

Era só um resfriado, ela não precisava de ir ao médico. Não gostava deles por experiências passadas, e estar meia adoentada era completamente normal. Nariz entupido, dores nos ossos da cara, inchaço, cansaço e de vez em quando dores ligeiras e formigueiro no braço esquerdo. Sabia bem que era por ter o sistema imunitário embaixo, só precisava de ter tempo para se recuperar.

Com muito esforço obriga-se a sair da cama, vai até à cozinha e põe o café a fazer. Vai até à casa de banho e sente a porta a ser aberta pelo gato, que mais parecia um cão, por estar constantemente a segui-la para todo o lado. Volta à cozinha para beber o seu café e vai até à janela para ver o nascer do sol. Pensou que precisava de meditar ou fazer exercício, mas ia ser impossível por só conseguir respirar pela boca. Foi para o sofá ver desenhos animados e poucos minutos depois o gato enroscasse nela debaixo da manta. Não ter rotina era das melhores coisas quando estava doente, podia adiar tudo para outra altura ou ir fazendo as coisas ao seu ritmo. Envolvida naqueles pensamentos, no conforto da casa e amor do gato, acaba por adormecer.

É acordada pelo namorado, que se vai enrolar nela.

"O que estas a fazer em casa tão cedo? Passou-se algo no trabalho?"

"Já são 6 da tarde. Nem sequer sentiste eu a entrar em casa. Passaste o dia aqui?"

Como era possível, ela tinha passado o dia inteiro a dormir e não deu por nada, nem sequer acordou com o barulho da televisão ou o gato, que de certeza que deve ter tentado acordá-la. Só podia ser do cansaço acumulado, o corpo dela precisava mesmo de recuperar e repor todas as energias das transformações e mudanças que tinha tido nos últimos mesesEstava sempre a colocar-se no limite e nunca ouvia o corpo que gritava para descansar.

Era suposto ter aproveitado aquele dia para matar saudades do gato, ir até à praia e apanhar um pouco de sol. Só ia ter 4 dias de férias e queria fazer contas todas as horas, mas o seu corpo exigiu outro tipo de descanso.

Tema da semana: É que isto de médicos, nunca fiando

Biiyue escreve aqui

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Tema #2.2 - José da Xã

08
Fev20

A sala enorme apresentava-se quase repleta. Sobrava um lugar aqui, outro acolá que rapidamente era preenchido por quem entrava. Do rouco altifalante saía de vez em quando um nome proferido por uma voz feminina. Automaticamente alguém se levantava para atravessar a porta de correr eléctrica.

Sentado no fundo da sala Elizário mirava tudo em seu redor. Quando alguém se sentava a seu lado e o cumprimentava devolvia sempre a saudação. Quem nada dissesse ele respeitava. Decididamente aquele era um mundo assaz estranho… Gente nova e menos jovem, sozinhos ou acompanhados, demasiados caíam naquele antro quase sem darem conta.

O ilhéu já habituado àqueles fortuitos convívios mudava todos os dias de sala de espera, não fosse alguém reconhecê-lo. A verdade é que desta forma o açoriano ganhava diariamente uma refeição grátis, oferecida pelas equipas de voluntários que, muito perto do meio dia, invadiam as salas de espera dos diferentes serviços.

Abordavam-no:

- Está para a consulta?

- Sim senhora! – mentia.

- Tem fome?

Tinha sempre…

- Sim.

- Então aqui tem. Bom apetite. – e passavam-lhe para a mão duas sandes, uma peça de fruta e uma bebida doce.

Assim que os voluntários saiam, o desamparado abandonava a sala e penetrava então na cidade já de barriga mais aconchegada. Era a hora de esmolar para a refeição da noite.

Naquela manhã sombria, Elizário optara pelo Serviço de consultas e tratamentos de Oncologia. Uma sala triste, que nem a enorme televisão acesa alegrava. A seu lado sentou-se uma idosa, meia dose de ossos e pouca carne. Carregava um ror de sacos que pousou no chão ao sentar.

Quase em suspiro saudou:

- Bom dia!

- Bom dia senhora! – respondeu naquele seu travo linguajar de ilhéu.

- É do Algarve? – calculou.

- Nã’ senhora!

- Da Madeira?

- Também não.

Finalmente ele esclareceu:

- Açoriano.

- Ahhhh!

A idosa debruçou-se sobre os sacos e retirou um naco de pão saloio rasgado ao meio por ovo. Iniciou a comer e entre dentadas, migalhas e gafanhotos, confessou:

- Levantei-me às quatro da manhã para estar aqui com a minha neta. Tem leucemia sabe, mas já está a ser tratada…

Elizário acenava com a cabeça que sim.

- O senhor também está em tratamentos?

- Nã’ senhora.

- Então vem ao médico?

- Nã’ senhora.

A mulher olhou-o de modo quase crítico. Ele acabou por arranjar uma meia desculpa:

- É que isso de médicos, nunca fiando!

Tema da semana: É que isto de médicos, nunca fiando

José da Xã escreve aqui

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Tema 2.2 Magda Pais

08
Fev20

Nem a propósito do tema desta semana, ontem a página Pérolas de Urgência partilhou esta foto com este comentário:

Vejam-me só esta coisinha fofa, estas bochechinhas fofinhas que só dão vontade de apertar, estes olhinhos lindos, aquele narizinho... Não vos apetecia levar para casa esta fofura? P.S. O bebé também é engraçado.

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Caiu o Carmo, a Trindade e o Santo António, principalmente porque o visado, figura pública bem conhecida por outros motivos (nem todos bons) se sentiu ofendido. Não vindo isso ao caso (acho, pessoalmente, um disparate alguém se sentir ofendido por uma brincadeira destas), fiquei mais chocada com uma mãe que dizia – alto e bom som (ou tão alto e bom som quanto possível quando se escreve) – que nunca confiaria no José Carlos Pereira como médico.

Oi??

Vamos lá a ver. O rapaz assumiu o problema, resolveu o problema e dedicou-se à medicina e a fazer o que também gosta. É de louvar. Quantos médicos (e noutras profissões também) são alcoólicos e drogados sem que ninguém dê por isso e continua-se a confiar neles? E nesta pobre alma que tem o azar de ter dois palminhos de cara e de ser actor (ainda que não seja nenhum Bradd Pitt nas duas vertentes), não nos fiamos?

Confesso que não me faria confusão alguma que ele fosse o pediatra dos meus filhos. Ao menos teria lavado as vistas que isto de ser casada e mãe não me torna cega. Mais confusão me faria que um pediatra andasse por ai a publicar fotos dos pacientes (como ele fez) mesmo que com autorização das mães.

É que isto, nos seguidores dos médicos, nunca fiando…

 

Tema da semana: É que isto de médicos, nunca fiando

Magda escreve aqui

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Tema 2.2 Mula

08
Fev20

D. Albertina queixando-se de dor num pé, 

Foi ao doutor, lá pros lados da Nazaré,

Que lhe receitou um remédio, 

Essencialmente pra lhe curar o tédio. 

Já que de dor no pé, D. Albertina não padecia. 

 

Então D. Albertina, desta vez, com rubor no braço, 

Foi para os lados de Sobral de Monte Agraço, 

Colher uma flores receitadas por uma vizinha,

Entre promessas de lhe acalmar a tinha,

Que na realidade não tinha.

 

Mas a dor do pé não passou e o rubor piorou,

E D. Albertina, cada vez pior, desesperou.

Foi então que decidiu Googlar,

Que já se sabe, isto de médicos, nunca fiando.

E  listou as doenças que a estavam a assolar.

 

Então D. Albertina ao Doutor voltou,

Reclamar que nada lhe faziam

Os medicamentos que este lhe receitou!

Tendo a lista de tudo o que podia tomar,

E todas as doenças que o Dr. Google lhe diagnosticou.

 

E o Doutor a ignorou,

E D. Albertina desesperada chorou,

Porque ninguém lhe acalmava,

Todas as as dores que lhe cabiam na alma,

E que medicamento algum conseguia curar.

 

Então D. Albertina com uma dor sem par

Foi lá para os lados de Tomar,

Procurar o seu antigo amor,

Verdadeiro causador de toda a sua dor,

E nunca mais foi preciso googlar!

 

 

Tema da semana: É que isso de médicos, nunca fiando

A Mula escreve aqui

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Tema 2.2 Mariana

08
Fev20

Naquele dia não só recebi uma SMS do meu namorado a dizer acho que é melhor acabarmos, como consegui a proeza de cair com o pé torto por baixo do furico.

Ora, claro que fui parar ao hospital, não é? Bom… Cinco horas à espera, pulseira verde no pulso, dores no pé.

Passadas as cinco horas fui atendida. Era um médico estrangeiro, talvez na casa dos quarenta.

— Boa noite. Então, o que lhe aconteceu?

— Olhe, caí… E agora dói-me muito o pé!

— Hum… Então vamos lá ver esse pézinho. Dispa as calças.

— Como?

— As calças, menina, tire-as.

Assim fiz... Só que ao tirá-las percebi que era noite de lua cheia. As minhas pernas estavam num estado crítico, percebem?

Vermelha que nem um tomate comecei a tirar lentamente as calças, o que poderia ter sido bem sensual, se não tivesse tantos pêlos à mistura! Olhei tímida para o médico que rapidamente passou os olhos das minhas pernas para a minha cara. Ainda procurei algo na sua expressão, mas não encontrei; o homem estava sério, mas quando os nossos olhares se cruzaram lançou-me um sorriso simpático. “Deixa-te de merdas, ele é médico, já viu milhares de gajas com pêlos, não é esse o foco dele” afirmei mentalmente.

Terminei de tirar as calças e deixei que ele me avaliasse o presunto. Uma entorse.

Levantamo-nos juntos e eu dei-lhe um aperto de mão.

— Obrigada, doutor.

Virei costas e comecei a andar para a porta.

— Espere!

Voltei a olhar para ele e reparei que a sua mão segurava um chupa-chupa amarelo. Toda eu virei um ponto de interrogação. Ao perceber a minha confusão, o médico prontamente justificou:

— É um miminho por não se ter depilado! *risos*

E eu saí do consultório a rir por fora mas a chorar por dentro.

 

Tema da semana: É que isso de médicos, nunca fiando

Mariana escreve aqui

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