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Desafio de Escrita

Tema #12 Sónia Figueiredo

30
Nov19

Lady, a gata, acordou com um grito e não acreditava no que estava a ver, a sua dona parecia completamente louca, estava na sala a olhar para o computador, com um ar furioso e só gritava:

Aqueles pássaros não se calam

Não me deixam em paz, a minha cabeça está a virar um ninho de pássaros

Heightened Self-AwareNest (limited edition print)

Eu olhava apreensiva para ela, e ela percebeu a minha presença e começou a desabafar

Meti-me num desafio de escrita, onde todas as semanas temos um tema para escrever. Chama-se o desafio de escrita dos pássaros. Mas na realidade são pessoas que mais se deviam chamar aves raras. Vou-te falar deles.

Pássaro numero um - A Caracol, uma mulher do norte, com ar simpático, que está em estado de graça, por isso deve inventar maior parte destes temas.

Pássaro numero dois - A Alexandra, que é do centro e não se contenta com um blog, e tem duvidas e certezas e escreve sobre tudo e sobre nada, mas pelo menos gosta de animais e é benfiquista, talvez, quiçá simpatizante da Académica. E tem um blog com receitas vegetarianas que dá muito jeito.

Pássaro numero três - A Drama Queen, é de algures, tem escrito pouco, mas não falha o desafio. Tem um anel de noivado que eu nunca tive (mas cada um tem o que merece) gosta do Inverno, por isso agora deve estar super feliz com este frio e o seu numero é o mesmo que o meu, o 7. E sente que vive num filme de longa metragem...até eu.

Pássaro numero quatro - A Fatia Mor, parece ser misteriosa, mulher empoderada e realizada, diz que é um pedaço de mau caminho...ou talvez não, por isso não sei dizer em que ficamos. Tenta ter graça, diz ela, isso dá para perceber ou não fazia parte deste bando. Podia ser apenas uma Fatia...mas não, é uma Fatia Mor. Espreitem a sua vida às fatias.

Pássaro numero cinco - A Just Smile, misteriosa, tentei perceber algo sobre ela, visto não ter muito no perfil, mas percebi que está numa fase de mudança, porque como ela diz, a vida é feita de mudanças, sejam elas de que tipo forem. Desejo-lhe boa sorte.

Pássaro numero seis - A Magda L Pais, devoradora de livros, bem disposta, tendo em conta a entrevista que ouvi, vai chegar ao meio século antes de mim , não te preocupes eu apanho-te em Janeiro de 2023. E vi que ainda lhe faltavam 10 perguntas, e resolvi ajudar, porque graças a esta pesquisa descobri o desafio dos 50, que me escapou. E eu adoro desafios, mesmo os que me deixam de cabelos em pé...ou ninhos na cabeça.

Pássaro numero sete - a Mula, rapariga simpática, anda demasiado preocupada com o PDI, como a compreendo, descobriu o skype à pouco tempo, deixa lá, eu já descobri há muito, mas não lhe dou muito uso. Por vezes é obrigada a ser desagradável, mas só depois de tentar ser "fofinha" várias vezes. Tem um blog com boas receitas para marmitas e ainda é proprietária de um café de poesia. Isto é que eu chamo de mulher empreendedora. 

Pássaro numero oito - O Coiso, finalmente um homem, ele parece gostar da coisa, embora como quem não a quer. Escreve umas fábulas, tem dias que está em mood de quem quer a coisa, tem outros que se sente (Un)Sexy as hell!, e por vezes deixa um bombom para as babes terem um bom fim de semana...mas coisa pouca e rara...as babes querem mais.

E nisto já passaram de certeza as 400 palavras, mas quem manda o bando ter tantos membros? Não achas Lady?

A Lady olhou para mim com ar de pena ou de quem está a perceber que adoptou uma louca.

Nisto a campainha toca, vou à porta a rezingar e quando abro, não quero acreditar no que vejo e só penso:

Isto não me está a acontecer...

Saibam na próxima semana o que foi agora

Imagem: DUY HUYNH - Heightened Self-AwareNest

Tema da semana: Aqueles pássaros não se calam.

Sónia Figueiredo escreve aqui

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Tema #12 Magda

30
Nov19

Podia falar-vos daquela janela de chat onde, diariamente, são trocadas umas 200/300 mensagens (em dias calmos…) entre 9 pássaros que não se calam. Podia até lembrar-vos de como nasceu este grupo, espalhado pelo país inteiro e que, no meu dia de aniversário, me surpreendeu com posts nos blogs respectivos (tentaram pôr-me com a lagrima no olho mas falharam. Por pouco mas falharam).

Mas desta vez, e não lhes retirando a importância – que sim, são muito importante – quero contar-vos como é acordar, todos os dias, a ouvir os pássaros.

Mudei-me, há quase dois anos, para uma aldeia. Perto de tudo, transporte quase à porta mas no campo. Tenho um sobreiro só para mim (ou vá, para a família) que é a casa de alguns pássaros. Para além do mocho que vive ali perto e que ajuda a manter a zona livre de ratos e afins.

É simplesmente maravilho ouvir o canto destas aves. Ficar na cama a vegetar de manhã enquanto eles cantam lá fora. Vê-los de volta das poças de água (de inverno) ou a esvoaçar à volta da piscina ou dos bebedouros dos cães no verão.

Seja Verão ou Inverno, dia ou noite, aqueles pássaros que não se calam. E até ler um livro tem um sabor ainda mais especial, assim acompanhado.

Acreditem, sinto-me com a mente mais limpa depois de os ouvir. Apesar de não se calarem.

 

Tema da semana: Aqueles pássaros não se calam 

Magda escreve aqui

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Tema #12 Just Smile

30
Nov19

  É impossível faze-los calar! Tive de lhes tirar o piu, andam sempre a chilrear! Piu-piu para aqui, piu-piu para ali, não há pessoa que aguente! É a toda a hora do dia, não há minutos de descanso (e se os há é porque a coisa não está muito bem)! Está numa pessoa no seu belo descanso e 'piu!', distraí-se e deixa queimar o estrugido do arroz. Está uma pessoa no seu belo café e 'piu!' vai uma gargalhada que até nos deixa envergonhados. É que até quando se está no sofá estatelado a tentar ver uma série é um continuo som de 'piu-piu'. É tanto piu que não consigo acompanhar, é um piu-piu tão constante que tive realmente de os calar e tirar-lhes o piu, pelo menos no telemóvel! Agora não tenho o constante 'piu-piu, piu-piu, piu-piu', agora sou aquela que chega e que pede "Alguém me faz um resumo?", até porque às vezes eu própria me esqueço que sou um pássaro e que gosto tanto de chilrear como os outros.

       Gosto de fazer parte deste ninho, por muito que voe para fora dele e que muitas vezes perca uma infinita quantidade de 'pius', mas a verdade é que regresso sempre ao ninho, afinal a minha família do coração está nele. É verdade que não se cala, mas se não fossem eles a minha vida não era a mesma

Tema da semana:
Aqueles pássaros não se calam

Just escreve aqui

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Tema #12 Mula

30
Nov19

Tudo começou com um casamento...

De uma Mula que já se descasou.

E foi assim que diferentes gentes,

Num só chat se juntou!

 

E desde aí que não se calam,

Piu, piu, piu, é todo o dia assim.

E centenas de mensagens trocam,

Mesmo em dias assim-a-assim.

 

Nunca estão sozinhos, os pássaros,

Nem na alegria, nem na tristeza,

Porque existe sempre alguém no grupo,

Com palavras de delicadeza.

 

Também temos humores diversos,

Com estes pássaros é uma animação,

Apesar da Mula não ler metade,

Porque quando os pássaros falam...

É na hora do patrão!

 

São todos diferentes estes pássaros,

E tantos outros que já avoaram,

Mas aqueles que resistiram

No chat nunca mais se calaram!

 

Piu, piu, piu! Piu, piu, piu!

É todo o dia assim!

Feito de gentes com blogs com gente dentro,

Que carinhosamente o Sapo Blogs uniu!

 

Tema da semana:
Aqueles pássaros não se calam

Mula escreve aqui

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Tema #12 Maria Araújo

30
Nov19

Marcaram uma vídeo-reunião . Combinado o dia e hora, compromisso é compromisso, todos confirmaram que sim e que seriam pontuais.

Quem tomou a palavra foi um caniche de pêlo rosa choque:

"Meus amigos, gostaria de agradecer a vossa presença, convoquei esta vídeo-reunião para vos
comunicar que "Aqueles pássaros não se calam".

"Pássaros?!"

Ouviram-se chilreios, latires, ronronares, ...

"Sim! Os pássaros que são as nossas famílias!

Dizem eles que somos adoptados. Tenho pensado muito nisto. Questionei-me e questiono-vos : será
que eles pensam no bem que lhes fazemos durante os dias da semana que nos deixam horas sozinhos a tomar conta da casa, ficamos ansiosos à espera que cheguem e quando entram e queremos mostrar a nossa alegria, encostamo-nos a eles para lhes dar as boas-vindas, dizem: "sai da frente", "está quieto", "agora não posso levar-te à rua", e só nos dão atenção quando após o jantar e depois de deitarem as crias, sentam-se no sofá para receberem os nossos mimos e aconchego? Sabem a que conclusão cheguei?

Fomos nós que os adoptamos! Nós damos-lhe a liberdade de falarem o que quiserem. Ouvimo-los,
damos-lhes um mio, um latir, um pio, enfim, cada um na sua língua, confortamo-los. Porque queremos
vê-los felizes. Porque a felicidade deles é a nossa felicidade.

Claro que eles cuidam de nós: levam-nos à rua a passear para fazermos o xi-xi e o cocó, levam-nos ao
veterinário, deixam-nos cantar ao desafio, às vezes deixam-nos namorar uma canita, uma gatita, uma
periquita... Vós sabeis do que estou a falar.

E porque digo que aqueles pássaros não se calam? Porque sabeis que estão a "disputar" um desafio
de escrita, e a semana passada fomos nós os personagens.

Imagino o que cada um escreveu. Somos seres meigos e gratos a quem nos faz bem, tenho a certeza
que falaram bem deles. Estou certo?

Todos acenaram que sim .

"Alguns dos nossos amigos morreram há alguns anos. O que fizeram as famílias neste desafio?
Prestaram-lhes homenagem fazendo-se passar por animais como nós e contaram o que fizeram
durante a vida. No final da história, manifestaram as saudades que tinham dos nossos amigos.

Deixaram-me muito feliz e emocionado.

Por isso, fossemos nós adoptados pelos humanos, fossem eles adoptados por nós, eles são a nossa
vida. Tratam-nos carinho, cuidam de nós.

Estou aqui para vos mostrar o meu reconhecimento do quanto lhes fazeis bem.

Obrigado a todos."

Em uníssono ouviram-se as vozes destes animais.

Tema da semana: Aqueles pássaros não se calam.

Maria Araújo escreve aqui

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Tema #12 Inês Norton

30
Nov19

Eu sei que sou eu que estou em falta, pois são quase 10 horas de domingo e não só não lhes enviei o texto# 11 dentro do prazo nem sequer o publiquei ainda no meu próprio blogue (vou tentar fazer isso agora e compensá-los mandando os texto 11 e 12 juntos).

Mas por mais que lhes diga que além da semana ter sido difícil quando lerem o texto vão perceber o
porquê de me ter sido tão difícil cumprir este tema já que sendo a primeira vez que participo num desafio destes quis guardar os textos que fiz e este em particular é um texto que vai magoar o meu coração por muitos anos depois do termino deste desafio... Aqueles pássaros não se calam a dizer que os prazos são para cumprir, não seria um desafio se fosse fácil e se uma pessoa assume compromissos deve cumprir com os mesmos ou não os assuma.

Enfim...já estão a ver a cena. A verdade é que eu estou grata por este desafio e gostava de chegar até ao fim do desafio, pelo que espero que a passarada me perdoe, continue a mandar temas e a postar os meus textos no blog dos pássaros, seja como for tem sido uma viagem e uma experiência gratificante com emoções diversas. Por favor pássaros, não me cortem as asas da imaginação...

Tema da semana: Aqueles pássaros não se calam.

Inês Norton escreve aqui

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Tema #12

29
Nov19

Para a nona semana convidamos os participantes a escrever sobre o tema:

Aqueles pássaros não se calam

As regras foram simples: em língua portuguesa (com ou sem acordo), prosa ou poesia e, no máximo, 400 palavras.

Podem ir visitar os blogs dos participantes abaixo listados para conhecer os textos que foram agora publicados ou podem, nos próximos dias, conhecê-los aqui.

 

3ª Face escreve aqui

A Gorda escreve aqui

Alexandra escreve aqui

Ana Deus escreve aqui

Ana Sofia Neves escreve aqui

Belinha Fernandes escreve aqui

Biiyue escreve aqui

Bla Bla Bla escreve aqui

Candeias escreve aqui

Caracol escreve aqui

Catarina Reis escreve aqui

Charneca em Flor escreve aqui

Coiso escreve aqui

Drama escreve aqui

Fatia escreve aqui

Fátima Cordeiro escreve aqui

Gabi escreve aqui e aqui

Happy escreve aqui

Inês Norton escreve aqui

Inês Pereira escreve aqui

Insensato escreve aqui

Isabel Silva escreve aqui

Joana Rita Sousa escreve aqui

José da Xã escreve aqui

Just escreve aqui

Lara Monteiro escreve aqui

Magda escreve aqui

Maria escreve aqui

Maria Araújo escreve aqui

Mia escreve aqui

Miluem escreve aqui

Miss X escreve aqui

Mula escreve aqui

Osapo escreve aqui

Outra escreve aqui

Peixe Frito escreve aqui

Pó de Arroz escreve aqui

Sarin escreve aqui

Silvana escreve aqui

Sónia Figueiredo escreve aqui

Triptofano escreve aqui

E esta semana com uma participação especial... o nosso querido Pedro Neves que escreve aqui

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Tema #10 Osapo

28
Nov19

A curvááá e a contracurvááá …

Já chegamos? Já chegamos?”, pergunta a miúda pela décima segunda vez, sempre com sotaque do norte em que carrega bem nos “a” e nos “os” parecendo “ús “ e prolongando as palavras, do género “jááá chegámúúúúúúúúúús???”.

Estamos quase quase”, respondo com o último fio de paciência que me restava e já em modo pré-desespero.

A minha sobrinha, de 6 aninhos, estava entusiasmada com o passeio ao Bom Jesus de Braga que não conhecia. Vive em Barcelos, terra dos galos portugueses, a 20 quilómetros, mais coisa menos coisa.

A viagem foi um manancial de perguntas, expressões e comentários. Mas teve, como sempre, episódios bem engraçados.

Pelo caminho expliquei-lhe que as curvas e contracurvas se devem ao engenheiro inglês (tinha que ser um engenheiro, pois tá claro) que a construiu aos “esses”.

O que é uma contracurvááá?” perguntou.

Disse-lhe “A curva é num sentido e uma contracurva em sentido contrário. Se soubesses o que é um blog, percebias que uma contracurva é como o desafio dos pássaros. Sempre aos esses sem saber por onde ir, nem sabendo onde chegar”.

Ela, impaciente de conhecimento, disse sem medos “Este inglês era muitúúú parvúúúúú. Quais pássarúúúúús?”.

O pássaro culpado é uma tal de caracol”, respondo. Gargalhando diz-me “Um caracol não é pássarúúú!”.

É cada tema e contratema que só voando mesmo. Isso ou produto a mais e tabaco a menos. Possas!”, exclamei.

Não respondeu mas ouvi o grito assustado “Naum vai cabéééreee”. Logo depois de passarmos por baixo do viaduto do elevador atira suspirando “Cabeúúú possasss!”.

Quando chegamos mostrei-lhe a igreja e contei-lhe algumas das coisas sobre a sua história que tinha lido na Wikipedia.

Expliquei-lhe que o Bom Jesus era um Santuário, tem uma escadaria com mais de 500 degraus e que muitas pessoas cumpriam promessas subindo pelas escadas, lá de baixo até cá acima.

Mostrei-lhe o elevador que sobe mais de cem metros de altura, paralelamente à escadaria, e usa a água das fontes para descer e subir.

Descemos alguns degraus para ver a vista. Não parava de olhar. Ora para a igreja, ora para a cidade espraiada lá em baixo.

De repente um bêbado, que tínhamos visto lá em cima, dá um trambolhão e começa a descer pelas escadas abaixo, rolando degrau a degrau.

Passa por nós que, sem qualquer reação, ficamos a olhar. Parou alguns degraus abaixo.

A Matilde olha-me e pergunta de olhos bem abertos “É uma contrapromessááá tiúúú Jácintúúúúúú?”.

 

Tema da semana: Já chegamos? Já chegamos? 

Osapo escreve aqui

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Tema #11 Belinha

28
Nov19

Beijador (Helostoma temminckii)

 

Bom dia. Permitam que me apresente: Chernobyl, peixe kinguio japonês. Ganhei o meu nome quando desenvolvi uma enorme bola na cabeça, um tumor. Até aí era simplesmente tratado por “Peixinho”. Hoje, com 13 anos, e 20 cm de comprimento, seria ridículo. Todavia, a única radioactividade a que fui exposto é a música clássica da Antena 2 que o namorado da mulher com quem partilho apartamento põe a tocar ao sábado, mal chega a casa. Nesse dia, a rotina altera-se radicalmente. A voz dele ecoa pelo ar e faz tremer as paredes de vidro do meu aquário. Um vero Parvarotti e um beijoqueiro. A primeira vez que o vi beijá-la pensei que ele a fosse matar. Na loja do shopping, há muito tempo, conheci um peixe-beijador. Guardava respeitosa distância, embora ele fosse agressivo apenas para com os da sua espécie. Afinal o homem é inofensivo, aquilo não era briga, antes preliminar do acasalamento. (Nunca os vi a procriar, nem quero.)

À hora do almoço, ele é um mãos largas com os grânulos, diferente da mulher, sempre com a mania da dieta, uma unhas de fome. Espero em vão por coração de boi, cozido e esmigalhadinho com ervilhas semi-cozidas, levemente amassadas! Anseio por artémias, larvas de mosquito, moscas de fruta! Mas só me dão enlatados industriais. O pior é vê-los à mesa a devorar os meus semelhantes. Inicialmente, atemorizado, até julguei que me destinavam ao estômago. Vi douradas, robalos, sardinhas, e muitos outros, a chegarem ali a fumegar em bandejas metálicas! Sacrilégio! No meu país natal são mais civilizados: comem-nos crus, e até vivos, bem frescos, como deve ser! Não sei que barbárie é esta, mas a cena repete-se duas vezes por dia. Ao jantar até acendem velas na mesa como se tudo aquilo fosse um sacrifício aos deuses.

Chega a noite, novo suplício. Sentam-se abraçados no sofá a ver filmes de terror. Lá por não ter pálpebras, não quer dizer que não durma. De sono leve, a cada grito sobressalto-me, dou meia volta e provoco um tsunami. Ignoram-me. Cada vez se agarram mais um ao outro: deve ser o medo, não? E voltam aos beijos antes de se irem embora dali, apressados, sem sequer saber como a história acaba. A TV fica acesa, a luz ligada. Que desperdício. Resto eu. E que tédio: morreram todos novamente! Que filmes mais previsíveis. Humanos! E dizem-se eles os seres mais evoluídos do planeta. Pff!

Tema da semana: Um dia na tua família... do ponto de vista do teu animal de estimação.

Belinha Fernandes escreve aqui

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Tema #11 Sónia Figueiredo

28
Nov19

- Agora sim, já podes tirar a venda

Maria abriu os olhos e viu uma escola 

- Porque me trouxeste a uma escola?

- Já foi uma escola, agora é um abrigo de animais abandonados. Está na hora de teres um amigo ou amiga de quatro patas.

- O quê?

- Não discutas, entra e não te preocupes, não vais ser tu a escolher, vai ser ele ou ela. 

Maria entrou, olhou viu vários gatos e houve um que captou a sua atenção, era uma gatinha tigre cinza de olhos verdes. A gata veio ter com ela encostando-se nas suas pernas. Maria não teve duvidas, era aquela. 

- É esta

- Viste, como foi ela que te escolheu, foi a que veio ter contigo e tu sentiste uma conexão. Qual o nome que lhe vais dar?

- Não sei

- Não me parece um nome, pensa lá

- Lady

- Parece-me bem. Então vamos tratar da papelada, das questões do veterinário para ver se está tudo bem e vamos levá-la para casa.

- Mas tenho que comprar uma serie de coisas, caixa de transporte, comida, casa de banho, e sei lá mais o quê

- Não te preocupes, já está tudo no carro. Eu comprei, pois acreditei que ias aceitar o desafio e se não o aceitasses doava à instituição.

- Tens mesmo muita confiança em ti e em mim.

Lady chegou a casa de Maria e começou por fazer o reconhecimento a todo o espaço, andando de divisão em divisão, cheirando e roçando o seu focinho em determinados pontos.

Viu a sua nova mãe a preparar a comida, a água e a casa de banho. Achou que era estúpida e que não tenho sensores apurados e tentou explicar-me como tudo funcionava. Falou, falou e eu queria era encontrar um sitio quentinho para dormir. 

Coitada, ela estava muito nervosa, percebe-se que nunca teve um animal de companhia, muito menos um gato, pois nós não fazemos o que nos diziam, mas o que quisermos, por isso só está a perder tempo. Mas vou ter que a acalmar, antes que tenha um ataque nervoso e me devolva. Depois de tanto falar lá se sentou no sofá a observar-me e eu fui ter com ela e mostrar o meu agrado. Saltei para as suas pernas e comecei a ronronar em troca de festas está claro. Esperando que ela se acalmasse. 

Ela acalmou e adormeceu, coitadinha e eu fui novamente explorar a casa. Olha que sitio bom este ao pé da lareira, e até tem umas almofadas e daqui tenho uma boa panorâmica da sala. Agora quem vai dormir sou eu. 

Acordei com o cheiro a comida, ela estava a preparar o jantar para aquele amigo que me foi buscar de manhã. Fiquei quieta, observando o que fazia.

A campainha tocou e ele entrou e veio ter comigo para me dar uma festa. Foram os dois jantar, conversam imenso, entre uma garfada e um gole de vinho, por fim foram ambos com os copos de vinho para a sala e lá continuaram nas suas conversas e algumas gargalhadas. Resolvi procurar um sitio mais sossegado. Fui até ao quarto e estava quentinho, enfiei-me debaixo da manta e adormeci. 

Ouvi um grito e acordei num salto...o que foi que aconteceu?

Sai da cama e não estava a acreditar no que via.

Querem saber o que vi? Então têm que esperar uma semana. A culpa não é minha é dos pássaros, eu sou só, uma gata.

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Tema da semana: Um dia na tua família... do ponto de vista do teu animal de estimação.

Sónia Figueiredo escreve aqui

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